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sábado, 18 de novembro de 2017

Você, meu irmão

É difícil que brotem palavras
sobre isso que hoje
mais que antes
Resta soterrado entre nós.

Alguma relação possível?
Algum gesto? Confidência?
Eu não sei quem foi você
Você nem imagina quem eu possa ser.

Escrevo para desnortear
as palavras que saem de mim
sem que eu precise de você
para tocar seu coração.

O que foi você, meu irmão?
O que fizestes?
O cúmulo,
como pudeste?

E olha que nem fiz julgamentos
Fiz silêncio
acuado, me guardei de ti
Fiquei mudo.

Olhos, no entanto, meus olhos
não emudecem.
O pouco de você que eles
de fato
Viram

É tão já passado.

O toque
em tanto tempo
Se resume a um ou dois
abraços
mal dados.

O que nos aconteceu?

O fato é
que após o seu gesto
Não tive força ainda
para tentar gesticular nosso reencontro.

Você se priva de mim
Eu me privo de ti
os dois: privados
daquilo que não cessa de querer aparecer

a vida
nossa
compartida
Por que postergamos isso?

É medo de para sempre se odiar
ou certeza de que se nos encontrarmos
sem dúvida alguma
Iremos nos compreender?

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