Algo foi tirado.
Algo foi arrancado, assim,
Sem algum mínimo cuidado.
Acontece, uns dirão.
Acontece ao menos uma vez
na vida.
Mas não. Não se pode ficar mudo.
Algo foi tirado de maneira torta
De maneira grossa, algo foi atravessado
e agora resta assim, sem rumo.
As ruas vigiam o homem que passa
Sem vontade.
Mesmo os pássaros em sua alegria
Contida, mesmo eles, eles sabem
Algo foi arrancado e sem horizonte
Já nem é possível saber o que foi perdido.
Uma vontade? Um viço?
O quê?
Jornais divulgam em vão
A perdição que dizem ser causa desta época.
Que época?
O homem que cruza as ruas
Entra em casa como se não morasse nela.
Haveria tristeza maior que ter sido sequestrado da própria vida?
Haveria paz maior que não se saber sequestrado?
Haveria algo perdido, algo que pudesse ser retornado?
O tempo, oh, tempo!
Faça-nos algo!
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