Haveria sim algum impedimento.
O excesso de revoluções
cansou o corpo.
O corpo, este corpo,
Ele não aguenta mais.
Sinuoso, observa
Os letreiros que informam
Atrações outras mais ousadas
Que aquelas hoje tão
Distantes.
Um estalo resignado salta destes lábios.
Haveria sim um limite
Um vago embaço
Parafuso que não fica
Nem sai
Haveria sim que se considerar
Já velho demais.
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O entardecer sublinha este cansaço.
Haveria revolução mais plena
Do que se ter alguma consciência?
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Eles conversam sobre os dias.
Falam de como teriam feito
Toda aquela história.
Falam, eles, do morno
Que preserva algum desejo.
Debocham, ácidos, dos que tentam
A todo o custo
Fazer o que num dia eles fizeram.
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Haveria sim que reconhecer
O limite como linha do horizonte.
Nem corte, nem precipício
O limite como presente instante.
Haveria então que durar no seco
Saborear o desconforto
Dançar em sapatos
Esboçar pela voz o dialeto
Dos roucos.
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Haverá um dia em que sim
A revolução terá sido nada mais
Fazer.
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