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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

sobre a duração de cada manhã

talvez tenha chegado a hora de especular sobre o ano que passou
mas que ainda não acaba.

sinto que aprendi uma única coisa
um saber de experiência que já nem me assalta
posto tenha virado meu próprio corpo
e não há nada exceto este corpo agora
este que aqui se fala.

aprendi
que quero as manhãs
só para mim
que quero acordar
e dançar uma música
enquanto tomo um café
e sorrio ao futuro
que ainda não veio.

aprendi
que desejo
o tempo preciso
de mirar o céu
e dançar o vento
que desejo isto
e que sem isso
não estarei me sendo.

tem uma coisa sobre saber durar
sobre restar um pouco só consigo
eu aprendi isso
por tanto - neste ano -
ter me perdido
ao me procurar.

quero a duração de cada manhã
quero aprender a virar tempo
e no tempo, eu nu
aprender a me desintegrar
para enfim ser menos eu
e mais apenas
fortuito acontecimento.

quero acontecer de braços dados
ao vento
quero me ser nu rodeado
por flores ornadas a cada hora

eu quero
eu desejo
eu já tenho idade
para impor à vida
alguma coisa
que não apenas o fim dos tempos.

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