Roubaram as palavras
Esvaziaram seu íntimo
Fizeram daquilo que era
Apenas hoje o esquecido.
Tudo morre veloz na velocidade dum apodrecer.
Transformaram o comum
Em ultrapassado
Pegaram valores
E renderam todos eles
Pelo martelar incessante
Dos hábitos.
Brincam de vencer junto,
Mas eles vencem sozinhos.
O que me vale não serve
Ao mundo dado
Porque o dado do mundo
É de novo e a cada manhã
Relançado. Sequestraram!
A palavra revolução.
O amor. Onde está o amor?
Levaram a fisiologia dos corações
E tripa virou expressão
E não mais corpo em acontecimento.
O mais longe que nos permitiram ir
Foi no susto pouco desdobrado
De um arrebatamento
Uma perplexidade
Uma apatia em rosto grafada
Tudo igual
Ninguém reage com grito sobreposto
À fala: falamos tudo sem dizer nada.
Roubaram-nos a ira desfamiliarizadora
Da palavra.
Eis-nos agora
Frente ao papel imundo
Desta realidade
Eis-nos agora
Sem permissão para fazer uso
Da palavra.
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