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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
de você, cravada em mim.
temos falado tanto em você. sua presença falada nos afaga.
hoje a gente riu das linhas por ti assinadas, assim, antes de partir.
eu fiz uma piada tão grosseira.
mas achei que você fosse rir.
não riu, por certo.
estás morta.
mas viva, compreende?
aliás, quem tem algo a compreender
sou eu, somos nós, não você
e se eu te digo
e se te reproduzo em obras mil
não se assuste
é só porque você se cravou em mim
criou eternidade
criou perplexidão
ao inaugurar em mim
um lindo absurdo.
foi isso o que você fez:
tornou-me amigo do absurdo.
e devo dizer,
passados alguns anos
somos algo como
melhores amigos.
confidentes
flertamos consciente
ou inconscientemente
e isso é bom
é bonito
é porto de palavras doces
e amáveis.
a sua falta hoje se converte em posteridade.
falar de você me empurra veloz até onde sequer imaginava ser capaz de chegar.
quando se perde um amigo -
quando se morre um amigo -
a vida fica - sinceramente -
capaz.
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