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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Sobretudo

Sobretudo, eu me peço
Não use sobretudo em dias quentes
Como ontem.
Eu me peço, por favor
Não confunda paz com soberba.
Não precisa sempre pagar a pizza
Nem a mais cara cerveja.
Sobre tudo, há os outros
Mora o mundo sob tudo

E só você hoje já sabe. Não
Use roupas pomposas em dias
Burocraticamente simples.

A Caminho

Com calma, eu continuo.
Ciente e cheio de cuidado.
Caminho certo e calibrado.
Certo posto cansado
Calibrado posto confesso

Meu coração também tem pernas.

Cruza curto a caverna complicada
Do contato que só um outro
Poderia me cavar.

Caminho crente
Calma consciente
Céu
Hoje tudo está aparente.

Eu caminho. Para frente?
Não. Apenas para sua casa.
Apenas para sua casa.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Fora

Desligou o televisor. Percebeu que o café estava frio. Era noite. Um silêncio dentro de casa o deixou nervoso. Haveria vida lá fora? Alguma coisa? Que horas são?
O jornal daquele dia dormia sob a poeira. O televisor cansado, ele também esgotado. Tomei leite, pensou. Deve ser o leite pesando meu estômago. A coluna me dói todo. Eu queria não ter vivido hoje.
Ouviu, longe, uma música estranha. Queria estranheza. Sexo do alheio. Do vizinho. Qualquer gracejo. Tudo dói. Não estava acostumado a nada disso.
Amanhã é que dia? Mirou o calendário. Que dia? Não sabia. Serei reprovado.