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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

envelhecer

é aprender a domesticar
arrepios.

é bonito isso, de envelhecer
não para privar
não para se ausentar
os arrepios seguem plenos
delirantes se movem
sobre pernas mãos e cabelos

mas, no entanto
o íntimo conserva
a duração do instante
em abraço fraterno

dura tempo
para um arrepio
se fazer pleno

sem pressa
sem pausa
sem ponte

por meio da qual seja possível dele se ausentar.

envelhecer é aprender,
sem dúvida
a domesticar os riscos
e fagulhas sobre a pele
lançados.

envelhecer é o máximo.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

sem título_05

dentro

ronco constante

desfazendo o medo

e aproximando

a morte

sim
começa dentro

e depois invade

arrasando sonhos

destinos e futuros mal laçados

vai fazendo dobra

e interminando os passos

sim
começa dentro

mas poderia ser o contrário

olhe, eu peço, dure o olhar

não há nada exceto o fora

nada exceto onde

você pode me encontrar

sim
começa dentro
mas sempre
quer dizer
jorrar.

sem título_04

êxtase

sem suor

testa plena e firme

capaz de ser mármore

que coisas estranhas pode a tarde fazer nascer

mas já é noite
paciente, aguardo

um anjo

um demônio

um santo

ou pássaro

que perfure meu estômago e me dê fome
descomunal

preciso

quero

anseio

por este encontro

entre corpo
arrasado
e seu lá-
bioabis-
mal
se faça
a manhã

ponto.