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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Escuto o teu som

Ele é barulhento
como você
E eu bem que gosto

Teu som tem cordas
para além das vocais
Teu som me vibra

E eu fico como?

Silencioso
mas repleto
Calmo e agitado

Estou como?

Aqui
em mim
em ti

Escuto o teu som
e ele tem um cheiro
que nem sei

nem sei
nem sei
nem sei, moreno

Se és mouro
se és louco
se és muito ou pouco

Estou contigo
estou comigo
estamos, não estamos?

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Solzinho

Teimas em chamar o sol pelo diminutivo
Mas veja quão imenso é este menino
Ou menina
Agasalho lá cores escuras retintas
No alto
Sobre o banco da pracinha 
Reina imperioso
O calor mais íntimo 
Não não não se preocupe 
O sol vem
Nem que seja para celebrar o frio que te corta a espinha 
O frio que te corta a espinha
O sol vê 
O solzinho vibra
É no frio que se aquecer vira poesias

sábado, 20 de novembro de 2021

Haveria um poema

E só por acordares
já há pretexto suficiente
para nascer outro

A despeito das florestas
dos arrasos a despeito
embalagens cem plásticos

Nasceria um poema
capaz de brindar
a instabilidade dos passos

Dia sim, dia talvez
dia não, com certeza não
inaugura-se a ladainha

Os versos, comovidos
agitam-se não em busca
mas devotos ao íntimo

dentro
o barulho imenso
é acalanto preciso

Haveria um poema
para cada morte
que fazes em tua vida

Queres matar o que hoje?
Queres por fim ao quê?
Querer-se, querer-se

Luta incessantemente vã

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