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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Ponta

Acende a cabeça e germina o chão
Oco, o corpo gira cabisbaixo
Neblina lá em cima
E aqui tudo suspenso
O que foi perdido voltará um dia?
O que se perdeu é algo que se tem
Para sempre
Ao contrário do que ainda não conheci.

Alta memória me eleva ao chão
De costas
Rebobinador de mundo
O amor

É só uma fruta que demora a germinar
Sendo comida muito rápida.
Nao é o tempo secura
É apenas raiz dançando em terra asfaltada

Demora
Demora
Demora
Até que estala.

Desarranjo

Abaixe a cabeça
Não, tempestade
Mesa e este senhor me olhando
Tempestade de manhã cedo
Camisa verde
Troca de lugar, Clara
Os ex namorados
Amam jogar
Para sempre
Sua camisa listrada
Vão te assaltar
Entre agora
Porque há tortura pedindo por corpo novo
Corpo cru e puro. Só se houver
Abertura
Ele olha para dentro da caixa
Ela fala ao telefone, mas tem a mão
Sobre a boca
Ela esconde a voz
Ele tira a roupa?
Tira
Tirou
Ele está nu
Ela está escrevendo alguma coisa
Enquanto alguém morre sem que eu saiba
Crianças não podem
Não devem ficar
Sozinhas
Em casa
Mesmo com amor mesmo assim
Nunca farão que o ódio seja faraó
Destemido a gente segue
Sem
Deus
Que é um pouco da minha vida
É assim mesmo
Tempo e dinheiro para pagar
As despesas de um amigo
Que mora na cidade da hora
Ainda
Ainda

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

não havia necessidade

em escrever
não havia demanda alguma
exceto continuar, exceto seguir
cuidando das coisas mais abruptas
e carentes de cuidado
não havia necessidade
não precisava
se desgastar tanto
em coisa tão já improvável
não precisava
é só o que sei dizer
veja: o café esfria
enquanto você teima
em sofrer aquilo que quer sofrer
mas não precisa
você já fez o possível
e pouco mais que isso
já fizestes tudo
agora entenda
será preciso fazer tudo de novo
mas com outro alguém
você compreende?
você me entende?
eu entendo
e você?
eu também
eu também
eu também\