Em algum dos muitos textos escritos até agora, disse algo como colocar esse corpinho em jogo. Não que ele não estivesse, mas agora é diferente. Cheguei hoje, 21 de agosto de 2024, uma quarta-feira, à sala de ensaio e fiz uma série de fotos. Não foram pensadas ou planejadas. Eu tirei a roupa da vida para colocar a roupa de ensaio, e no calor do ar-condicionado recém-ligado, fiquei assim, cueca e meias, a dançar na frente do telefone.
As fotos eram tiradas sempre que eu abria uma das mãos e o telefone reconhecia. Em dois segundos, certeiros, uma fotografia seria feita.
Para uma pessoa inibida, expor-se é mais do que coragem, vai além de qualquer sintoma. Expor-se é manifestar-se decisivamente vivo. É como estou. Tenho cá meu arsenal de problemas, mas sigo em vida, e vivo, como prova irrefutável de algo que não carece ser explicado.
Dei saltos e mais saltos. Pensei nos pés e no perigo das articulações. E mais saltos. E um calor no corpo. E a demora em perceber que estar vivo é morrer no gerúndio, como já havia escrito noutro texto, ir se deixando passar, como as horas, como a correnteza de um rio qualquer.
Eu vivo.
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