Vejo a bomba arrancando cabeças
a água subindo pelas valas
Não tenho fala, apenas contemplo,
não tenho fala.
a água subindo pelas valas
Não tenho fala, apenas contemplo,
não tenho fala.
Haveria de reagir? Como? De que modo
poderia eu responder ao horror deste mundo?
poderia eu responder ao horror deste mundo?
Fico mudo.
Não refuto a esperança nem incrimino as lideranças
que tentam semear a sopa entre bocas desdentadas.
que tentam semear a sopa entre bocas desdentadas.
Talvez eu tenha ficado mais frágil do que a força horrenda dos horrores.
Talvez nunca tenha sido outra coisa que não apenas mesquinho.
Talvez nunca tenha sido outra coisa que não apenas mesquinho.
Mas é que se olho, quando olho, quando pouso os olhos
sobre o horror. Mesmo. Fico mudo, fico mundo, imundo.
O mundo sobre mim despenca e sobre mim escorre grudento.
Não há fuga há apenas este silêncio duradouro e branco,
leite morno e gosmento leite branco sem semeadura.
sobre o horror. Mesmo. Fico mudo, fico mundo, imundo.
O mundo sobre mim despenca e sobre mim escorre grudento.
Não há fuga há apenas este silêncio duradouro e branco,
leite morno e gosmento leite branco sem semeadura.
O horror me rouba a fala e me sinto bem no papel de quem foi roubado.
Não grito, não choro, nem peço ajuda.
Eu fico. Sobrevivo. Sobre o horror. Mesmo.
Cá estou: extático.
Gasto-me, enovelado, em considerações desprovidas de qualquer senso.
Eu fico. Sobrevivo. Sobre o horror. Mesmo.
Cá estou: extático.
Gasto-me, enovelado, em considerações desprovidas de qualquer senso.
Observo como as pontas são cumes e como os sangues eram densos.
Tudo volteia, as copas incendiadas, os homens incendiários, um jet-ski.
Tudo volteia, as copas incendiadas, os homens incendiários, um jet-ski.
Talvez sim esteja nascendo uma indiferença que outrora nos servirá de pavimento.
Já não sei sofrer o sofrimento.
Depois, no entanto, seria preciso que eu falasse dos meus privilégios. Quem me impede de reagir, por certo, são eles. Seriam?
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