gordura na louça
dente no íntimo
como vício
essa ladainha
de ver morte e fim e tanto é precipício
diria ser forte
diria ter coragem
diria que é isso mesmo
mas não
não
tu és apenas outro um covarde
amas a vida tanto
amas tanto as pessoas e as coisas
amas tanto as palavras
esses poemas desajustados
amas tanto que és medroso
não saberias partir sem chorar
então chore
chore que a coisa continua
chore que a coisa sobrevive
chore que a vida continua se escrevendo
e há muito ainda muito ainda
tudo turvo
tudo feito vício
colado no olho
lambido o íntimo
tudo tudo tudo turvo
como estou no mundo agora
um lodo grosso e fino
pegajoso pecaminoso
o fim faz-se início
caminho caminho eu caminho
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