Desço da condução. Estou no centro da cidade. São nove horas da manhã. O sol ainda não machuca. O céu está azul. Escuto uma música cantada por uma mulher. Da letra, entendo pouca coisa. Mas alguma coisa dentre tantas reverbera em mim de forma intensa e delicada.
Meus olhos então se enchem de lágrimas. Penso em você, Kekel. Penso que tínhamos quase vinte anos quando você decidiu ir embora e foi. Lembro daquele fim de ano em que corríamos alegres pelas ruas da cidade. Tento resgatar algum dia, tarde ou madrugada, em que dançamos juntos. Mas percebo que ainda a dança não parou.
Estamos dançando, minha amiga.
Tanto tempo já passou e a gente ainda enredado um no outro. Por vezes mais presentes, noutros instantes tudo solto. A beleza mora também no desencontro porque seguimos juntos. Dançando.
Quando meus olhos pesam, em praça pública, e o sol me acalma e expande, troco passos e forjo uma dança envergonhada que só mesmo a gente poderia assimilar.
Ainda estamos, nós dois, dançando. Dançando a morte e a vida da morte, sua vitalidade, nossas escolhas, os fins como princípios, eu danço tudo. Danço como quem perde, como quem sabe que perder é estar vivo.
Te perdi, minha amiga, mas feito o sol que ora vem ora foge, você segue comigo. E hoje, ontem, eu danço não para apavorar os meus medos, mas por estar certo que esse espanto, esse susto que não cessa, é também o nosso laço.
Estamos dançando, minha amiga. Ainda estamos. Fecho os olhos. As portas se abrem. Escorrem lágrimas mornas de sol. Tudo me completa e em mim cria abrigo.
Ontem, ao dançar sob o sol nessa cidade tão abrupta, mirei ao longe um prédio alto e de lá te vi se lançar. Acompanhei a imagem do seu corpo tombando para dentro do mundo. Este mundo, esse mesmo, sobre o chão do qual ainda danço.
Nós dançamos. Ainda estamos dançando.
E nada agora é sobre te amo ou mesmo sobre faltas ou saudades. Eu danço, Kekes, eu danço esse vínculo que, às vezes, me solicita atenção, me reorienta os passos, me pede pausa e me faz parar.
O dia está lindo. Eu olho ao céu e você reluz por todos os lados. Como não te ver? Como não sentir? Como não dançar sozinho com você?
Meus olhos então se enchem de lágrimas. Penso em você, Kekel. Penso que tínhamos quase vinte anos quando você decidiu ir embora e foi. Lembro daquele fim de ano em que corríamos alegres pelas ruas da cidade. Tento resgatar algum dia, tarde ou madrugada, em que dançamos juntos. Mas percebo que ainda a dança não parou.
Estamos dançando, minha amiga.
Tanto tempo já passou e a gente ainda enredado um no outro. Por vezes mais presentes, noutros instantes tudo solto. A beleza mora também no desencontro porque seguimos juntos. Dançando.
Quando meus olhos pesam, em praça pública, e o sol me acalma e expande, troco passos e forjo uma dança envergonhada que só mesmo a gente poderia assimilar.
Ainda estamos, nós dois, dançando. Dançando a morte e a vida da morte, sua vitalidade, nossas escolhas, os fins como princípios, eu danço tudo. Danço como quem perde, como quem sabe que perder é estar vivo.
Te perdi, minha amiga, mas feito o sol que ora vem ora foge, você segue comigo. E hoje, ontem, eu danço não para apavorar os meus medos, mas por estar certo que esse espanto, esse susto que não cessa, é também o nosso laço.
Estamos dançando, minha amiga. Ainda estamos. Fecho os olhos. As portas se abrem. Escorrem lágrimas mornas de sol. Tudo me completa e em mim cria abrigo.
Ontem, ao dançar sob o sol nessa cidade tão abrupta, mirei ao longe um prédio alto e de lá te vi se lançar. Acompanhei a imagem do seu corpo tombando para dentro do mundo. Este mundo, esse mesmo, sobre o chão do qual ainda danço.
Nós dançamos. Ainda estamos dançando.
E nada agora é sobre te amo ou mesmo sobre faltas ou saudades. Eu danço, Kekes, eu danço esse vínculo que, às vezes, me solicita atenção, me reorienta os passos, me pede pausa e me faz parar.
O dia está lindo. Eu olho ao céu e você reluz por todos os lados. Como não te ver? Como não sentir? Como não dançar sozinho com você?
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