E assim, subitamente, um
corpo brota e elogia o do outro. Parecia impossível que isso acontecesse um
dia. Alguém que mirando o seu corpo desnudo pudesse dizer novamente: como você
é bonito.
Você nem reage. Desaprendeu
a responder carícias. Você se esforça tamanha a insistência dos elogios.
Agradece. Diz o mesmo sobre o corpo que te elogia. Não por dizer, mas porque
também se sente bem em com ele estar assim tão reunido.
Vocês produzem calor juntos.
Calorzinho bom. É uma graça.
No entanto, após tanto ser
ferido e se ferir amando, a cautela no amor é o seu maior abrigo. Você vai sem
sede ao peito, lambe com cuidado os mamilos. Sabe que nada precisa ser engolido
por inteiro. Nem mesmo o pênis.
Na noite seguinte, sozinho
em casa, rolando na cama, você pensa que talvez devesse ter engolido tudo com a
devida avidez. Você sabe que será para sempre aprendiz nisso de amar porque
amor é coisa que não cessa de morrer e nascer de novo.
Você sorri. Em meio a tudo e
a tanto, sobrevive um ou outro sorriso.
Por hoje isso basta. Por hoje, isso tem que bastar.
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