Pesquisa

sábado, 6 de janeiro de 2018

De todas as coisas

Algumas ainda se movimentam
Nem todas
Tola pretensão
Essa do todo.

Tudo não.

Sempre algo escapa.

Sempre não.

Às vezes
Salta comovido
Um gesto
Um singelo, sim, um singelo
a r r e p i o .

Por que ela se diz essas coisas?
Ela se diz porque quer acreditar.

Você diz algo mais?
Tem algo mais a dizer?
Eu a pergunto
Ela me responde

É como se nada mais houvesse
exceto essa uma alguma coisa.

Diz, eu a peço
Ela reluta
Diz, digo sem força
Ela desvia o olhar

O que poderia haver de tão impactante
e ao mesmo tempo tão delicado?

Foi uma pergunta?
Ela me procura novamente
Eu digo que sim, não a ela
Ela me responde

Quero te responder
Quero tentar te responder

E então entre nós o silêncio se procria

Observamo-nos

É noite
Meio quente meio vento frio

Há tanto
mas nem tudo
Um instante
fico nele, segura
Há tanto
nem tudo
Um negócio
Negócio não
Nem coisa
cansei das coisas todas
Nem quiçá quero nomear esse isto
de arrepio

Não
não
não mesmo
Isso do que falo
Isso que eu sinto

É apenas aquilo que já foi
É apenas aquilo que perdi

Mas que continua.

Continua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário