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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A imperfeição

Chegou ao corpo.

Nem ao espelho
nem sequer num detalhe
ruga chupa rosto
Não

Machucou dentro
e agora resvala
feito aura adoecida.

Seria mesmo esse o diagnóstico?
Ele se pergunta
enquanto caminha parado
não sabendo se dorme
ou deixa de existir.

Pensou na proximidade:
dormir? morrer?
abandonar-se?

Pensou novamente:
se penso sobre tudo isto
é porque não estou todo
afundado

Certo?

Mudez.

Ficou fria a tarde de verão.

Carnaval?

Hoje não.
Ontem não.
O amanhã se arrasta querendo se fazer presente.

Tudo incomoda tanto
tudo ainda dele tão fora
dele tudo ainda tão ausente.

Seria esse o diagnóstico?
Seria essa a imperfeição forjada durante anos?

A quem amar primeiro, então?

Esta imperfeição
Ele mesmo
ou a impossibilidade de viver esse amor que não ainda se mostrou?

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