Tudo escorre.
Sem sentido nem direção
tudo explode, hoje,
tudo explode.
Com a calma cirúrgica de um ancião
ela mira o seu liquefazer.
Há tanto nisso que te escorre
ela te diz.
Você?
Você segue escorrendo sem nada reter.
A sua inconsequência
a sua inconsciência
a sua destemperada descrença
de que as coisas são o que são
e não apenas aquilo que, num dia,
poderão ser.
Você nada. Como reter?
Tudo explode tudo escorre
você sem compreender
É a sua ignorância que também vai
ralo abaixo
profundo
pro mundo
Ela te observa
você sem palavra.
Tudo sai tudo quer de ti correr.
Num instante relâmpago
você se pergunta a única coisa
que precisa para sobreviver:
por que foi que eu me tornei essa terra arrasada
esse terreno vago essa coisa insensata?
Mas é tarde.
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