Haverá uma avenida
passando pela qual
lhe será impossível
esta sua indiferença.
Os pés descalços
quando sobre a areia
mesmo que em óculos escuro
hão de perceber pelo tato
Os peixes mortos em fim de tarde
a cair, lenta.
Nenhuma ilusão possível
nem sequer haveria cheiro
por tal distância tua verias
que a morte vem com ou sem
alarde.
Um silêncio medido a passos na areia.
Os peixes mortos não querem a sua pena
pois pesam, inexoravelmente, somente
A tua consciência.
Um passo a mais
a areia está morna, você sente.
Outro passo adiante,
mas é como se seguisse parado.
Paradoxo em meio a vida
pelos Peixes mortos alardeado:
Que fazer, meu Deus, que fazer?
Os olhos perguntam, porém os pés
aprofundam-se na areia morna
desta tarde tornada lema de morte.
Os peixes mortos anunciam a chuva
que não virá.
Os peixes mortos afastam pássaros
que não vieram.
Os peixes mortos anseiam seu silêncio
que não seguirá,
Você chega em casa
tenta desfazer o cansaço do dia
Mas só o que resta é aquela imagem
do holocausto das águas:
Fileiras e mais fileiras
de peixes de distintas espécies
Ornados em embalagens de biscoito
rosqueados em tampa de Coca-Cola.
Tu pensas no mar e anseia que a chacina se acabe.
Mas o Peixes mortos persistem a sua morte
sem réquiem a zelar seus corpos.
À noite, se fores passear à beira d'água,
tome cuidado:
Os peixes mortos não moram noutro lugar
que não na beira
Deste mundo oceânico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário