não sei ser
mas se sou
dissimulo
o pavor que me consome
por sê-lo
nunca gostei
apesar da curiosidade
de ser o centro
de toda atividade
e blá-blá-blá
mexerico
fofoca
mimimi
não, por favor, eu rogo
passe longe de mim
assim eu passo batido
e pisando em telhas
eu, no risco,
me existo
nada ultrapassa
o medo meu de um dia
virar
capa de revista
por isso,
ando eu fazendo amizade
com quem ama mais planta
que espelho
ando eu tirando os rótulos
e deixando a poeira
cobrir os vidros
pelos quais eu passo
sem deixar que eles
me vejam
o centro das atenções
é dentro
é íntimo
e secreto
baluarte
que conserva o espanto
desta vida não ter sido
nem de perto
o meu algum desejo.
e então me surge
alguém que precisa
ser aquilo que eu não
quero ser
me surge alguém
orgulhoso e decaído
forte e esperançoso
em se perder
fingindo se encontrar
e o que eu faço?
eu volto ao deus
com quem nunca conversei
eu durmo entre preces
e amanheço tentando
a perguntar:
você melhorou, caro desconhecido?
conseguiu amortecer a doença
do se chamar atenção?
a doença do se auto enganar
do se auto achar
algo mais
além
da matéria que do seu corpo
volta às paredes
e a todas as coisas
deste mundo?
um silêncio
- sempre sepulcral -
trepida pós-pergunta minha
se se encontrou
se sequer se procurou
o desconhecido já não
sei dizer
importa-me
agora
fugir do centro
para viver de dentro
o longe
que me faz me reconhecer
que salto
quântico
é a vida
quando se descobre
o quanto o canto
é capaz
de nos engrandecer
sou grande
posto seja margem
sou imenso
posto o centro
que me faz
não me come
apenas
me
diverte
e comigo
dança
bêbado
a esbarrar
nas quinas todas.
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