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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Marcela, Marcelo, Joaquim e Sabrina

- Relaxa.
- Não consigo.
- O que você tem?
- Dois problemas em minha vida.
- Dois o quê?
- Problemas.
- Sim, problemas, mas que tipo?
- Humanos.
- Seja específica, Sabrina.
- Dois homens.
- Você está namorando dois homens, mulher?
- Não me chame assim.
- Assim como?
- De mulher.
- Mas você é.
- Eu sei. Até demais. Eu tenho nojo.
- De quê? Dos dois problemas?
- Dos dois homens.
- Mas homens são problemas.
- Sim, eles são.
- Mas nós também somos, amor.
- Não me chame assim.
- Assim como? De amor?
- Não. Com essa voz. Eu estou suscetível. Não se aproveite.
- Certo, eu vou me esforçar. 

Silêncio. As duas se olham.

- Eu sou seu novo problema, é isso?
- Sim. Está se tornando.
- Isso ameniza os outros que sobraram?
- Eles não sobram, eles fazem parte. Estão aqui comigo. Onde quer que eu vá.
- E para onde queres ir agora?
- Você tem casa?
- Tenho cama.
- E o que mais?
- Fome. 

Olham-se mais demoradamente.

- Você deve sofrer muito, sabia?
- Sim, eu sei.
- Por causa de conseguir amar, ao mesmo tempo, homens e mulheres.
- Sim... Eu amo. Ao mesmo tempo. Vocês.
- Quem são eles?
- Você não precisa saber.
- Não preciso? Ou não posso?
- E por que não poderia?
- Foi você quem disse...
- Porque três já está demais...
- Tem medo de eu me apaixonar por vocês.
- Medo de eu me apaixonar pelos três.
- E isso não seria novidade, não é mesmo?
- Não.
- Dos nomes.
- O quê?
- Quais são?
- Joaquim.
- Humm...
- O que foi esse "humm..."?
- Foi apenas um "humm..." de apreciação. De quem gostou.
- Está vendo. Só o nome e você já se derreteu.
- Eu não me derreti. É apenas um nome que eu gosto.
- Marcelo.
- Marcela.
- Não, não é você. É ele.
- O outro?
- Sim, Joaquim e Marcelo.
- E Marcela.
- Você não entra nesta história.
- Eles não iriam gostar, é isso?
- É isso. Eu não iria aguentar.
- Por que tanto peso?
- Porque é o que há.
- O que há é desejo.
- Pesando feio.
- Pesando.
- O que faço?
- Quebre esse gelo.
- Esse gelo?
- E façamos uns drinks.
- Você não presta.
- Nós sabemos.
- Espera.
- É um beijo.
- Só um?
- Sim. Um apenas.
- Não minta para mim.
- É um, sim.
- Certo.
- Venha até mim.
- Estou aqui.
- Fecha esse olhos desconfiados.
- Meus olhos tem medo.
- Seus olhos são tristes.
- Alegre-os, então... 

Beijam-se. E o caos, eis que se instaura.

2 comentários:

Dominique Arantes disse...

=O

nossa!

e o caos se instaura..
precisamos conversar...

mto bom
beijosss

Giacomelli disse...

Belíssimo, querido!

Queria ver em cena.
Será que acontece?

"Não. Com essa voz. Eu estou suscetível. Não se aproveite."
- Já ouvi isso. E me aproveitei. Mas quem estava suscetível era eu e me acabei aproveitado!

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