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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Manifesto da minha indignação

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Diogo Liberano <diogoliberano@yahoo.com.br>4 de agosto de 2012 16:11
Para: ministra@planejamento.gov.br, srt.gabinete@planejamento.gov.br, srt.coast@planejamento.gov.br, elaine.paz@planejamento.gov.br, maricy.valletta@planejamento.gov.br, tereza.cotta@planejamento.gov.br, gioconda.bretas@planejamento.gov.br, eduardo.neto@planejamento.gov.br, gabin@planejamento.gov.br, secad-sof@planejamento.gov.br, zarak.ferreira@planejamento.gov.br, seafi@planejamento.gov.br, deget@planejamento.gov.br, desoc@planejamento.gov.br, depes@planejamento.gov.br, deinf@planejamento.gov.br, decon@planejamento.gov.br, nacional.imprensa@planalto.gov.br, gabinetedoministro@mec.gov.br, chefiadegabinetegm@mec.gov.br, acsgabinete@mec.gov.br, setec@mec.gov.br, sergio.seabra@mec.gov.br, executiva@mec.gov.br, spo@mec.gov.br, dti@mec.gov.br

Caros funcionários do MEC e do MPOG,

Meu nome é Diogo Liberano, tenho 24 anos e sou recém-formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sou dramaturgo e diretor teatral, tenho uma companhia - Teatro Inominável - pela qual venho realizando os meus últimos trabalhos (em sua maioria, nascidos dentro da universidade). Moro no Rio de Janeiro desde 2006, quando comecei os meus estudos universitários.

Não pretendo com este e-mail argumentar sobre aquilo que todos nós já sabemos, não vou explicar nem provar aquilo que já está exposto e declaradamente comprovado. Não quero falar do descaso com a educação em nosso país. Escrevo apenas para manifestar a minha extrema indignação com a postura inaceitável que vocês, aqueles responsáveis por garantir a qualidade da educação em nosso Brasil, insistem em manter.

Temos consciência do que está acontecendo. E sei que mesmo não obtendo resposta alguma a este e-mail que agora envio, eu sei que vocês sabem que eu tenho consciência de tudo isso. E que não estou sozinho. Portanto, não adianta mais ignorar o que é impossível de ser ignorado. A nação burra que vocês querem criar e manter não é a minha nação, nem nunca será. A minha nação não vai ser isso o que vocês querem fazer dela. E eu estudo para fazer do meu país algo melhor do que ele é.

Portanto, a vocês só tenho condição de enviar (um pouco) da minha indignação, a vergonha que sinto (por vocês) e um relato curto e grosso da imensa falta de respeito (a mim destinada). Não há palavras mais apropriadas para o trabalho de vocês neste momento.

E, por favor, não se sintam desrespeitados. Essa é uma sensação que, sem dúvida alguma, vocês não fazem ideia do que possa ser.

Atenciosamente,
Diogo Liberano
dramaturgo e diretor teatral formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

plano sequência

se você quiser
eu leio em voz alta
o nosso destino.

se você quiser
eu reescrevo umas partes
para nos dar mais...
como dizer?
para nos dar mais...
eu não sei.

talvez eu reescreva
algumas partes, eu digo
eu talvez reescreva para nos dar mais...
eu me esqueci.

eu nem sei o que precisamos para além de você e de mim.

eu e tu
o tempo e este gramado infinito.

se eu pudesse nos dar um presente
eu nos daria olhos sem pisca pisca

seria isso.

eu nos daria a possibilidade do plano sequência
a possibilidade de ser sem corte
nem edição

tudo assim contínuo
e amarrado
como a batida do peito
e o sorriso
como o teu toque
e o meu embaraço.

se você quiser,
eu prometo: eu vou também querer.

para fazer encontro

se move o esforço
e trama ponte
e entorta rosto
seco
e vencido
que por acaso queira
permanecer imberbe
sem contágio
sem crime
sem hino.

para fazer encontro
vagueiam as pernas
em passo
impreciso
vagueiam os passos
em parcos
sentidos,

importa mover
importa acordar
e dançar o café
e dançar o íntimo dormido

para te encontrar
eu me disponho ao impossível
visto seja lá
onde nada mais há
que escreveremos juntos
o nosso destino,

com rima
com halos
e sorrisos.