Vergonha boba e pequena
De sorrir tranquilo
Boca bem aberta
Pensava que era bloqueio singelo
Sem gelo nem excesso apenas
Um freio pequeno
E pronto
Depois dele a vida continuaria.
*
A repetição do sutil
Ganha corpo e vira
Cabresto
Sei do que falo
Já nem sei amar
Porque passo a passo
Disse-me que amar
Não era coisa para mim
E disse-me assim
Como quem chochila
Disse-me leve
Como quem elogia
Depois foi difícil desacreditar.
*
Hoje resto em consciência dilacerada.
Sei que estou vivo
Sei que poderia
Sei que não sei como
Sei que gostaria
Mas como?
Como ultrapassou o bloqueio?
Como convenço a mim mesmo
De que sim, eu poderia?
Como, então?
Como conhecer pela primeira vez
A possibilidade dalguma alegria
O sorriso sem prazo de expiração?
Como te dizer sim
Confiante de que ao dizê-lo
Estou sim dizendo sim
Este é o som: sim sim sim
Eu disse sim.
*
Desisto?
*
Estou na encosta dessa estrada chuvosa
Este sou eu neste agora.
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