No caminho
atravessei para um lado
e outro
uma mesma rua
Atravessava sempre que flagrava
um rosto
(que não o meu).
Um pouco perplexo
observei
como havia gente nas calçadas
como ainda pode haver comércio
fui até a esquina
para comprar cigarros
e ninguém se espanta
que eu fume.
No caminho para casa
atravesse para um lado
e outro
da mesma rua
Temendo cruzar por alguém
que subitamente
pudesse tossir
e me contaminar.
Fumo pólvora
e meu cinismo
tem a cor
dessa cidade.
O que haveria para a poesia
se não a tarefa
de escancarar o vírus
que se tornou a humanidade?
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