perguntou-me
todo esperançoso
disse que sim, sim, claro
todo cínico
não que fosse mentira
não que não fosse
era o que era
já foi
que bom
bom
bom, né?
e a conversa não seguia
quis saber mais
perguntou o indevido
quis saber se eu estava feliz
com o quê?
num susto
o respondi destemido
feliz com o quê?
com a vida, ué
com tudo mesmo
o dia-a-dia
a sujeira da casa
a falta de amor
as pontas afiadas
de cada esquina
olhei seus olhos
em duração alongada
havia rimas demais
em suas palavras
quis pedir que calasse a boca
que nada mais dissesse
quis pegar suas mãos
e junto a ele
dançar sobre o asfalto
úmido (não no quente)
mas fiquei parado
assim
me fazendo de vivo
apesar de tão morto
ele seguiu me olhando
pelo menos nele havia isso
a paciência da escuta
a espera do que não veio
ainda
ainda assim
lhe disse
tendo desistido desse treco
que é a felicidade
ainda assim
frisei a ele
estou aqui
você vê?
não
ele não via
---
Nenhum comentário:
Postar um comentário