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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Porrada

Você ouviu o que lhe disseram?

Se sim, tenho certeza, você percebeu
aquilo tudo não era palavra.
Palavra palavra, palavra não era.
Nem vou dizer que era mais
Nem pedirei que comprovem aquela estranha consistência

mas,

uma pausa,

talvez fosse melhor recomeçar.

Você sentiu o que aquelas palavra lhe fizeram?

Se sim, seria uma pena imaginar onde você possa estar agora.
Sobre qual maca, desdentado em qual nível...
Seria uma pena
imaginar seu corpo antes tão exibido
assim agora tão ultrapassado
tão arrasado
tão falido.

Você sente o que houve?

Havia força.
Intensa.
Crua força intencional.
Havia um discurso.
Mas era tudo em ato.
Coisa que deveria ter sido um dia o nome que dizem ser poema.

Poema ali foi um soco.
Uma porrada.
O único e determinante
atual
Problema.

É essa a questão?

O que te houve quando o poema te há?
O que te ocorre quando o poema te soca?
O que te resta quando o poema te espanca?

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