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segunda-feira, 18 de julho de 2016

como abrir espaço para um novo amor

o único imprescindível é o tempo.

com algum tempo você vai perceber
que você continua vivo
e que amar é o destino
que você escolheu
sem nem escolher,

é preciso tempo
para muitas coisas supérfluas
tais como
só querer dormir
perder o gosto por sair
desistir dos encontros
abandonar a si mesmo.

tudo tão supérfluo
e tão essencial.

com o tempo você percebe
que isso de amar
é tipo aquilo
de respirar,

acontece com todo mundo
e você faz parte disso.

num dia você acorda
mais uma vez insatisfeito
se perguntando se poderia ter feito tudo
tudo
de outro jeito.

não,
você não poderia
você viveu as coisas tal como elas se apresentaram a você
isso é bom, cara
continue
não lhe resta outra coisa a não ser continuar
a sofrer
a viver
a viver
a sofrer
tudo se mistura.

agora, por exemplo,
você deseja um abraço que amanha dará.
o que te falta?
é só isso mesmo.

um amor, quando morre,
não vira parâmetro para outro que virá.
quando morre
vira amor experiência vivida.
coisa que se lembra
e se faz lembrar
coisa sobre a qual
se caminha e pisoteia
amor coisa que se ultrapassa
para que se possa
continuar
a amar.


não compare, eu te peço,
um amor com outro.
cada amor é um amor
e o jogo da comparação é jogo injusto
posto sobreviva sobre tudo o tempo.

o tempo passou
o clima virou
o amor daquele dia
hoje virou outro.
desista da comparação
ela não lhe dará jeito.

viva o amor quando ele brota
sem antecipar o que ele deve ser.
viva sem nada exceto ceder-se
doar-se
viva sem nada exceto esta certeza provisória
do vir a se perder (nu, no outro).

não tem jeito
não tem fuga
não tem remédio
amar é isso de perder
perdem-se os fios de cabelo
perde-se a pele, mordida
o íntimo mexido
tudo se move
tudo sem ti em ti se movimenta

eu acredito
que você possa acreditar
que isso entre nós dois possa
vingar.

vingar a quem?!

eu acredito que você acredite
que a gente possa tirar um cochilo juntos.

hoje
isso
para
mim
é
tudo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cada coisa escrita por você é cada grito que abafamos sobre amar e sofrer. Amei, de verdade.

www.1blogsobrequalquercoisa.blogspot.com.br

Diogo Liberano disse...

obrigado pelas palavras, alanna.
fico feliz que te toquem,,,
abraços do liberano

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