sabes falar muito bem, você, hein?
falas como ninguém.
domina as palavras
brinca com os sentidos
e frente aos sustos
procria sorrisos.
que louvor! dádiva, eu diria
tudo você converte em coisa alguma
que sirva a sua própria batida.
sem medo
nem vergonha
o desconhecido
você usurpa.
as palavras que você escolhe
também elas lhe fazem mesura.
aprendeste muito bem
a dobrar o destino
rompeste - cego - a moral
e danças, inerte, sobre o pavor
de todo um povo.
você fuma o cigarro
e digere também o cancro
você imita os perdidos
e de sua dor faz você ilusão
e cânticos
és uma farsa
ainda não divulgada
és um golpe
para estado
ainda em formação.
você não presta
e vais um dia
ser deposto
pela natureza
serás tragado pelo vento
ricocheteado pelos troncos
pelas árvores
serás tu atravessado
e o tronco delas nos seus olhos
permitirá ao mundo enfim
o descanso
dos seus hábitos
tornados hoje tão simples
tão humanos
tão naturais
você não presta
e mesmo que ninguém saiba disso ainda
você desde sempre
sempre o soube.
você é horrível
você morrerá dolorosamente
e em abandono.
aguarde.
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