Não quero tecer tramas intransponíveis
Não quero dizer o que soube
Posto agora nada valha
Nada. O que foi teria sido
Outra coisa. Mas já se enterra
Sob a chuva a certeza última
Que em vida tivestes.
Mudou tudo. A coisa toda
Tudo mudou. Mudaram a posição
Dos moveis e em silêncio quieto
E profundo as coisas outras
Se fizeram. Estátuas no lugar
De gestos. Saltos que antes mortais
Viraram apenas ornamentos.
A sua poesia desiste
No instante em que pensas
Sobre ela e a partir
Dela a chuva continua
Porque tudo o que há é hoje
Jorro. E encharcado você
Caminha por caminhos não antes
Previstos.
Se está confuso se tem tu o frio
Ainda assim continuam as coisas
Todas. A verdade é esta
Quanto mais escreves menos
Sabe coisa alguma. Silêncio.
Deixa que a convulsão das palavras
Possa lhe resolver.
Por vezes cai uma gota certeira.
Por vezes há muito barulho.
Por vezes como hoje por vezes
Só isso. Só isso. Manual
E à luz vermelha.
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