Não, não entendo.
Por quê? Eu deveria entender coisa alguma?
De escada. Sempre de escada.
Jeanne subia e descia a Instituição
levando de mão em mão
Caixas e mais caixas com papéis
E eventualmente
(ela não entendia)
Cachos de uva.
Uva verde.
Não entendia.
Mas por que você quer entender o porquê das minhas idas e vindas?
Ninguém respondeu.
Subiu mais um lance.
Ninguém a perguntava nada.
Seria o calor do dia
O frio do ar condicionado
Seria a menopausa estacionando nela
Seria o filho que não teve tempo para ter.
Jeanne parou: 89...
Como é que se falava?
Octogésimo nove.
Octógono nono.
Nada.
Ninguém lhe disse nada.
A testa suada, Jeanne percebeu:
estava a se permitir ser arguida
por Kafka.
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