Cada parte da casa ganha vida
separadamente.
Não há mais como pisar no piso do quarto
enquanto a pia da cozinha acolhe o sabão
a louça entre suja e limpa
e as mãos,
que as lavam para novamente em seguida
doarem-se ao meu corpo.
Não há mais essa possibilidade
de ter a luz acessa fazendo um contorno outro
que não seja o do meu silêncio,
tudo agora está repleto
de profunda consternação
a poeira resta calada
e essa é nossa opção
estamos juntos, sim
agora sim estamos juntos
agora sim podemos ler
fazer compreender
que isto é um fim.
Cada parte da casa agora agoniza
por atenção
a descarga
o privado do quarto
tudo agoniza e clama
pela minha mão
que não vem,
a luz se apaga
e acendo uma ou
outra
vela
espalhadas
essa é a cor deste momento
esse é o risco de tombando a vela
deitar o fogo sobre o colchão
e acender nisso
um novo sentido
posto assim mais forte
mais veemente
impedindo o pensamento
e emergindo nova mente
mais consistente
pois desejosa
menos temível
pois não há hora
passada ou adiante
não há tempo
que não seja o do instante.
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