O que fazer?
Ouço a cadela acordando. Quem mais ela acordaria com um simples latido?
Abro o elevador novamente. Desço até o térreo. Outra vez precisarei passar a noite num hotel qualquer.
Vida bandida.
Rico, ou um dia talvez, pago um quarto de casal. Privativo.
À beira da piscina, envolto em escuridão, contemplo o que me tornei e sorrio aliviado.
Não há de ser tão sem sal isso de ser livre. Contrariado, pondero que livre não é a palavra mais apropriada.
Mas continuo sorrindo. Ora, o que fazer?
Está escuro. Sento numa espreguiçadeira próxima à piscina. Molho a bermuda e a bunda com água fria da chuva passada.
Chuva vespertina.
Alguns acontecimentos nesta vida servem, ao menos, para que encontremos novas palavras. Outras.
Sorrio outra vez. Acendo um cigarro. Penso: grande é a vida que brinca consigo mesma.
Há que se divertir. Me fala uma voz que mora bem no fundo de mim.
Divirto-me. Por certo. Amanhã acordo, nem tomo o café completo. Apenas o café preto. Volto à casa de meus amigos.
Eu sempre volto. Eu vou. Eu continuo. Estou vivo, não estou?
Isso há de bastar.
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