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domingo, 31 de maio de 2009
Violácea
Marceau - O que é que tem?
Marcel - Parece o mesmo. Mas, não é. Eu sei...
Marceau - Não é. E também não acho que pareça. Além do mais, somos muito diferentes.
Marcel - Ache uma diferença aqui em mim?
Marceau - Diferença como?
Marcel - Como! Diferença! Algo que em você é de um jeito e em mim é de outro.
Marceau - O seu nome?
Marcel - Não. O nome não serve
Marceau - O que é que tem então de diferente se o nome não serve?
Marcel - O nosso nome...
Marceau - O que é que tem?
Marcel - Parece o mesmo. Mas, não é.
Marceau - Eu sei...
Marcel - Sabe nada.
Marceau - Às vezes, acho mesmo que não sei.
Marcel - Só às vezes?
Marceau - Quase sempre. Me dá um copo de água?
Marcel - (servindo-o) Aqui está.
Marceau - Obrigado. Acho que o fato de você me servir muda tudo.
Marcel - Tudo o quê?
Marceau - Tudo o que existe entre eu e você. Eu digo, quebra uma possível hierarquia...
Marcel - Você usa essas palavras... Sabe o que significam?
Marceau - Li uma vez. Devo ter esquecido, porque? Não funciona? Te agride?
Marcel - Não. Até que parecem exatas.
Marceau - De onde você tirou essa água?
Marcel - Do vasilhame.
Marceau - Qual vasilha?
Marcel - Do vasilhame. Da planta violácea.
Marceau - Você me deu água de planta?
Marcel - Ora, qual o problema?
Marceau - Essa água tá suja!
Marcel - Não não está.
Marceau - Eu não vou te explicar de novo.
Marcel - Eu não quero ser explicado.
Marceau - Você não tem jeito.
Marcel - Mas você agora tem cor. Vê porque te dei a água?
Marceau - Me dá um espelho?
Marcel - (colocando um óculos e fazendo nele Marceau se refletir) Vês?
Marceau - Em volta do olho, você diz?
Marcel - Começou no olho, mas o seu pescoço violácea.
Marceau - Violácea?
Marcel - Não é lindo? Eu escolhi da planta exata. Combina com você.
Marceau - Certo. Combina sim. Certo. Isso sai?
Marcel - Não sei se devo te dizer.
Marceau - Eu sei. Repito. Isso sai?
Marcel - Quando virar flor de enterro. Sai em menos de um dia, vai saindo feito degradê.
Marceau - Quando eu morrer.
Marcel - Você pode enfeitar meu enterro.
Marceau - Quando eu morrer,
Marcel - Eu morro primeiro.
Marceau - Mas se eu morrer,
Marcel - Eu já terei ido. Antes, bem antes, do seu último gemido, eu já fui, amado.
Marceau - Por isso hoje lhe sou flor.
Marcel - Violácea. Que eu acho um nome diferente.
Marceau - Diferente de quê?
Marcel - De tudo. Parece até que inventamos outra cor.
Marceau - Inventamos sim. Inventamos.
Marcel - Pode dizer, eu consigo ouvir. Você ia dizer outro amor.
Marceau - Certo, vamos indo.
Marcel - Certo, dê-me sua mão.
Marceau - Meu deus, ela está rosa também.
Marcel - Não diz isso! Rosa é cor de delicado. Você tá ficando violácea. Violácea.
Marceau - Andando, amado. Andando.
Marcel - Você disse amado?
Marceau - Não. Você que quis escutar.
Marcel - Isso é possível?
Marceau - Você acabou de dizer que eu ia sarar!
Marcel - Eu disse?
Marceau - Não. Eu que quis escutar.
Partem.
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sexta-feira, 29 de maio de 2009
Por um simbólico que dê conta desta vida
Avanço à primeira delas. Surpreendo-me, já é noite. E mais, chove plenamente o céu inteiro. Avanço rumo ao quarto. O som alterna-se feito meu compasso. Eu queria ser música, mãe. Não queria ser carne nem osso. Queria ser compasso verso estrofe e não estorvo. Eu sigo até a janela do meu quarto. Arreganho a sua abertura, queria se possível que se escondessem as janelas por dentro das paredes e me fizesse dormir dentro mas sob este céu que cai. Este céu hoje está caindo.
Eu me encosto nesta parede de tantas vezes ali encostado. Vou fumar mais um cigarro. Mais um cigarro. Eu vou fumar. Ninguém disse não ninguém falou nada apesar de todos já me terem dito. Mas no final das contas sou eu quem digo. Eu fumo, eu me precipito. Eu ouvindo mais uma de todas essas canções fico pensando em qual delas posso eu ser. Eu preciso de um simbólico que me faça valer.
Chove tanto lá fora. Aqui dentro as pernas doem em profundo. Eu fumando construo dia a dia meu próprio túmulo. As pernas gritam primeiro os pés se contorcem em seu silêncio amedrontado. Eu não quero que seja assim e penso Alguém precisa me ajudar alguém precisa me ajudar. Como me tornei assim tão necessitado de ajuda?
Então eu fumo e o íntimo dói profundamente. O íntimo torna-se mais íntimo pois tudo nele fica nublado e se perdem os limites, eu fumando sou meu silêncio ampliado, disfarçado, enlouquecidamente dopado. Não quero mas continuo. Eu preciso de um simbólico não o contrário. Não há realidade que possa ser dita. Para conter a vida eu preciso de uma poesia que me faça nela mesmo ir me extravasar. Por isso chove tanto, eu começo a perceber.
Quem é que chora por mim vendo-me assim ir me perder? São alguns amigos, morridos? É meu avô? Minha avó? Algum passado inimigo ou amigo ou cachorro ou mesmo a lagartixa que matei e enterrei no quintal de minha infância? Seria um Deus me dizendo pela chuva pare menino ainda há tempo, pare, ainda há jeito.
Num impulso então eu me lanço a todo o pranto. Estico o braço direito e na ponta dele uma ponta em fogo queimando. Abaixo a cabeça e me debruço sobre a janela. Não vou sair dali até que tenha se apagado esse fogo que eu mesmo acendo e que agora me dispersa. Esse fogo que eu mesmo acendo e nele me ateio feito fosse pegar fogo alguma brincadeira perversa.
O braço esticado. O céu nele caindo. Eu começo a desenhar o simbólico que eu preciso. O corpo doendo tentando resistir mais um tempo que seja tentando segurar essa juventude que se estupidifica. Eu tento. Eu crio. Eu invento uma rima vendo assim todos chorarem por mim. Não me orgulha. Me desespera. Eu mantenho o braço além da janela e prometo a mim mesmo, dessa vez pelo simbólico, há de apagar essa chama. Hei de secar, molhando o corpo a pranto e não mais a sangue, essa chama que me consome.
O braço ali esticado. O céu nele caindo é o simbólico que sinaliza o imediato. Ergo a face e vejo a chuva tingindo a superfície do meu aniquilador diário. Morre logo cigarro, morre logo cigarro. Eu quero você aqui na minha boca mas sendo você meu veneno meu aniquilário eu não quero eu o quero distante quero ver-te tremendo de frio quero ver-te molhado, por isso, molha, molha céu.
O braço esticado as pernas e os pés revoltados. Como pode o nosso dono ser assim tão retardado? Como pode esse menino querer ser grande se já se reduz em cinzas e num caminho contrário? Algumas restrições a vida lhe impôs, mas então que brilhe na sua imensa capacidade para este simbólico do agora.
Chove tanto lá fora. Eu começo a me convencer, pois esticado o braço com o cigarro, o céu pareceu protestar e sinalizar com mais empenho e força a morte daquilo que me mata, portanto, deixo o braço esticado e é realmente desse simbólico que eu me alimento.
Eu quero ser música, mãe. Você entenderia? Você me entenderia? Se eu te falasse assim um dia, mãe, não quero mais ser filho quero ser melodia. Você me entenderia, mãe? Me entenderia, ainda assim? Eu toco esse piano imaginário eu te faço acreditar que em mim as coisas querem funcionar, mais uma vez.
O braço molhado. Eu ouso manipulá-lo. Aponto o cigarro para o céu. É para lá que ele quer me levar. Mas chorando tanto assim dessa forma, as gotas que eram dor agora reduzem ainda mais esse horror que os pés e pernas parecem temer.
Deixo o braço esticado e o tempo é o da morte. O tempo agora é o que pode haver entre a luz quente e pequena se esvaindo enquanto a chuva vem secando o fogo do cigarro na mão contido. Eu seguro. Preciso aguentar. É desse simbólico que eu preciso para viver.
Tudo passa pela vontade, pela vontade do desejo. Eu não posso deixar de macular este simbólico com essa autonomia que eu preciso conquistar. Por isso, de súbito, eu esmago água de choro e chuva e queimo com a mão qualquer possibilidade de invalidez que possa em mim permitir viver. Não vou deixar. Não vou morrer. Eu apago com a pele esse fogo que quer me queimar. Eu luto de frente. Eu posso aguentar.
Eu olho o céu parando de chover e vejo que a manhã se anuncia. Seria já o céu sorrindo a minha cura? Seria já o céu sorrindo para mim? Pode ser que sim. Isso sou eu também que posso ver. E vejo. E, de pensar, realizo.
Estou curado. O corpo doendo ainda porque nos segundos passados fui injusto. Preciso pagar ainda um pouco desse lapso. Mas se prepare corpo meu. Terás que sorrir enormemente mal se anuncie o próximo poente.
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quinta-feira, 28 de maio de 2009
então a altura das suas sobrancelhas.
O Um - Oi? Espera aqui!
O Outro (parando sem nada falar)
O Um - Você passou três vezes na minha frente e virou o rosto em todas elas.
O Outro (sem nada falar sugere quem cala consente)
O Um - Você não vai falar nada?
O Outro (não sente necessidade alguma)
O Um - Nada? Não quer nem deixar claro o porquê de me ignorar? Eu te fiz alguma coisa? Não, desculpa perguntar, mas eu te fiz?
O Outro (incapaz de sociabilizar)
O Um - Quem cala consente, é isso que você quer me convencer?
O Outro (cruza os braços e senta-se diante do Um)
O Um - Então, pelo menos, parece querer me escutar.
Olham-se fixos.
O Um - Eu não posso acreditar. Eu fiz alguma coisa, eu sei que eu fiz. A questão não é essa. A questão é: porque você haveria de me ignorar sendo que o que eu fiz é direito meu, você não poderia me incriminar...
O Outro - Eu posso te incriminar.
O Um - Você fala.
O Outro - Quando eu quero.
O Um - Porque vira o rosto?
O Outro - Porque eu quero.
O Um - E eu com isso?
O Outro - Eu não sei. Eu não te vejo. Eu viro o rosto. Você não me importa.
O Um - Mas você vira o rosto, não?
O Outro - Porque eu quero.
O Um - Sim, sim, porque é seu desejo. A questão é: e porque deseja tanto não me ver?
O Outro - Você cansa a minha beleza.
O Um - Ou a minha beleza é que fatiga você?
O Outro (reforça o cruzar dos braços e permanece mudo, calado)
O Um - Eu devo entender que quando você cala quer concordar? Eu entendo isso, é quase um mito universal, quem cala consente, eu devo entender desse jeito? Que a minha beleza é quem tira você do eixo? É tão difícil assim assumir uma postura? Você não se incomoda de andar solto cheio de angústias?
O Outro - Eu não estou cheio de angústias.
O Um - Alguma deve haver.
O Outro - Eu estou cheio de você.
O Um - Isso é ruim?
O Outro - Cheio de você.
O Um - É bom, então?
O Outro - Cheio.
O Um - Nem todos andam por aí tão completos assim. Deixa eu te perguntar, você me ignora porque você gosta de mim?
O Outro (silencia mais uma vez)
O Um - Eu não vou acreditar nesse cala consente, mas vou ter que te perguntar, porque em você as coisas não podem ser mais claras, menos agressivas, você sabe, isso tudo me faz parecer que você me odeia e que quer me ver morto. Você me odeia ou mesmo quer me ver morto?
O Outro - Eu não vou dizer.
O Um - Então me odeia. E quer me ver morrer?
O Outro - Eu não vou falar.
O Um - Ah, não vai?
O Outro - Não, não vou.
O Um - O direito é seu. Mas eu interpreto da maneira que for.
O Outro - Tudo bem. As coisas são assim, naturalmente. Eu também já interpretei o seu olhar faz tempo. Foi ele quem me disse as coisas que me fazem virar o rosto e reduzir, é verdade, um futuro tormento.
O Um - Oi, como é?
O Outro - Você entendeu.
O Um - Não, não entendi.
O Outro - Tudo bem, nem tudo na vida faz sentido.
O Um - Eu quero entender, não faz isso comigo!
O Outro - Não faço desde que controle então a altura das suas sobrancelhas.
O Um - Elas estão altas?
O Outro - Agora parecem mais calmas mas quase sempre me induzem a me esconder sob a mesa.
O Um - Que mesa?
O Outro - A do recreio.
O Um - Controlar a altura das sobrancelhas.
O Outro - Elas me assustam, é verdade.
O Um - Eu posso tentar.
O Outro - Controle.
O Um - Sim.
O Outro - E quem sabe assim, um dia eu possa te olhar, sem medo de temer.
O Um - Eu assusto você?
O Outro - Assusta sim. Agora você pode entender.
Parte o Outro ruma a outro destino. O Um fica ali sentado pensando num futuro não muito longínquo. Pensa por um segundo se deve usar trema ou não. Não chega a nenhuma conclusão. Percebe a sobrancelha mexendo e se concentra para evitar sua elevação. Ele a controla. Ele sustenta uma paz possível ao seu semblante. Nas mãos, uma maça amarelada espera ser comida. Será?
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imprevisto
às vezes venta tanto que é preciso fechar a janela
e sair rumo à rua.
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quarta-feira, 27 de maio de 2009
transitar meio remendo
como fazer como durar?
um silêncio antigo
de anos talvez de anos
perpassa novamente este corpo
nesse segundo eu sou de novo seu
eu em abandono sou eu
menos moço, porém
mais tempo
mais osso
eu não sou diferente de ti
não tanto quanto pudesse supor
continuamos nesta amizade
jorrando vida jorrando amor
eu sinto, eu sei
nada pode ser como foi noutra vez
mas eu sinto e nisso sei
somos nós dois um destino possível
e nele sua incongruência mor
somos capazes de voar
e de ser pó
desenhamos o ar
a terra
e nisso o tempo
de um transitar pleno
entre os espaços
transitar é meio remendo
que vai movendo
juntando
colhendo
em si mesmo
em seu caminhar
as duas metades da laranja
a podre
a plena
e nisso,
completa-se o mundo
é em si mesmo
toda boa e ruim incongruência
mais uma vez
eu aqui hoje para você
talvez não tenha o que dizer
talvez não deva te dizer
talvez você daí onde estiver
possa vir fazer compreender
pelo vento
pelo vento
venha vento
venha firme
venha inteira
e jorre sobre mim
o seu calor
ainda pleno
ainda em tempo
de me fazer perceber
que o mundo se mostra menos muito menos
do que possa realmente
vir-a-ser.
estou aqui.
estou aqui.
porque não haveríamos de nos perceber?
venta firme hoje.
venta que eu saberei firme ser você.
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terça-feira, 26 de maio de 2009
poesia desconstrutivista
na sequência do que se anuncia
eu não sei meu nome
eu não sou esse corpo
eu estou trêmulo
eu fiquei louco
eu sequer lembro o verso anterior
eu sequer sei o que pra trás ficou
por isso eu sigo
como se vindo atrás
algo pudesse me tragar
me puxar e romper
esfregando em minha face
esse lastro do qual quis correr
me perdi
por um segundo tudo obtuso
noutro a agudez aguça a alma
que se perde
se perde
e eu já nem lembro o que ia dizer
estou drogada
dopado
eu mudei de sexo
desliguei o telefone
e alguém gritou
tudo bem?
tudo bem
eu sinto
eu somente agora estou
e os afazeres, eu me esqueço
eu rememoro
eu enlouqueço
quero parar.
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sexta-feira, 22 de maio de 2009
quem poeta
e figura a possibilidade do mergulho
é quem desce o café pleno ao interior do corpo
e mede no silêncio o morrer de um desejo
desejo sempre morre abrupto
é quem escreve em papéis o sinônimo da pele
a todo instante sem refluxo ou abandono
no papel o sinônimo da pele ganha
sempre mais outros nomes
é quem amanhece triste olha a janela e pensa em estorvo
quem pensa em formiga e na felicidade do besouro
ali pousado na janela, desenhando com suas asas
um desespero de busca busca que nós como eles
não cessamos nunca de achar
é quem silencia o mundo correndo para encontrar
a medida de toda essa correria a medida inexata
de uma ou outra criança sua que aparece
tremida, no interior dessa máquina
corpo, é quem por vezes se insinua
louco e ponto
quem poeta olha o retrato da infância preso numa caixa qualquer
e chora de verdade
por se reconhecer naquele olhar jovem assumido
mas por se perder na forma do sorriso
segurando uma chupeta
na tensão das mãos
prendendo o saco de biscoito
e agarrando a fralda de pano
branco
sentado a um banco
no sítio do avô falecido
no sítio hoje já vendido
o poeta olha a infância
e se desespera ao perceber
que talvez venha sempre a ser
aquele menino.
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privo-me sim, privo-me não
tenho isso arquivado em meu corpo
junto, sim
não me privo do corte
da falta de sorte não me privo
do desastre que faz o vento
sobre os pêlos
privo-me, primeiro
dessa vida comedida
que atravessa a rua segurando as sacolas
com medo do sequestrador
na outra esquina
não me privo do jogo
dou-me nele por completo
não me privo do abjeto
sinto-me pleno
o sujo sinaliza o que pode haver
de sublime
em mim
privo-me, segundo
do banho-maria
do banho-joão
ninguém é plenamente comida
para ter o peito assado
o corpo frito no fogo dilacerado
para depois
degustação,
não.
privo-me, sobretudo
da sua falta de opinião
do seu silêncio em vão tentando
classificar a dor do cancro
classificar o nó no encanto
que sua voz perdeu faz tempo
do seu silêncio disfarçado em ideologia
da sua crônica doença apatia
da sua tentativa de revolução
fosse vanguarda verbete acessível
a quem exala corrupção.
privo-me sim
privo-me não
a parte do meu todo clama desejo
alguma outra pede moderação
não me privo nunca porém
da confusão genuína no coração
da confusão por nunca saber se
privei-me foi por medida
ou por autocomiseração.
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quinta-feira, 21 de maio de 2009
essa margem sombria que escurece o corpo
por favor, pare
eu odeio ficar repetindo
eu odeio gritar diante de você
e você fingindo que não me vê
para, a gente escolheu ser tudo assim
eu gosto dele ele gosta de mim
por favor, deixe tudo como está
nós dois aqui pedimos
essa é a configuração final
não queremos despregar
esse corpo já não é teu
esse peso é dele não é teu
esse corpo já não te diz
não escreve para você
essa fome minha é outra
é dentro
você é incapaz de conter
portanto
deixa
deixa que a gente se arruma
sai de perto sai de cima
a gente se dá conta
nós escolhemos assim
nós devemos nos esforçar a seguir
sai de perto
para de gritar, por favor
não grite, por favor
não é espremendo que vamos nos encontrar
eu não vou pegar um bonde nas suas lágrimas
eu não vou pegar
deixe que nós dois somos um agora
nós quisemos tudo isso
o nosso encontro fora previsto horas
antes, não queremos sequer escapar
não sofra
não chore pare por favor de gritar
não é a revolução acontecendo
os helicópteros não voam por mim
nem por ele muito menos por você
tudo continua o mesmo
e isso aqui entre nós dois
não é seu
não pode ser
não grite
solte meu braço
solte! eu disse solte
sai daqui sai do meu encalço
eu não sou você você já não me é
eu não quero saber sai daqui
você me escuta?
alô? que coisa idiota,
você me escuta? você me machuca.
para de insistir meu corpo quebra ele
quebra não vamos aguentar se você insistir
veemente que é por você esse amor
que nos consumiu que é por você
logo precisar logo assim voltar para ti
sai
larga
deixa a minha mão
deixa
porque nós dois podemos te agredir
a qualquer instante
exprimindo em morte
o horror do seu semblante
sai
eu disse, sai
amor, diz para ele sair
diz para ele, sai
sai daqui
e se você insiste, talvez nós dois tenhamos que fazer
talvez seu amor tenha que ser arrancado e trazido ao ar
talvez seja hora de você inteiro oxigenar
e derreter dividir petrificar
vem amor, vamos ensiná-lo
vem amor que toque é esse?
amor, que toque é esse que toque é esse, amor?
não brinca comigo, amor, pare de me encostar
que frio entre os dedos é esse
eu já não posso aguentar
para com isso as coisas já estão complicadas
para
para tira a mão
me deixa sentir sozinho
me deixa sentir
sozinho
amor?
não. não era para ofender
fique comigo eu sou igual você
eu sou frio. sou igualzinho.
fica um segundo. fica,
manso
assim
assim,
me ajude a desvendar o mistério de nossa existência
me ajude a descobrir o porquê de certas coisas
não serem audíveis
você me escuta?
você se afasta
amor, ele se afastou
agora só nós dois somos os dois
sem ninguém ao meio
sem nenhum interlocutor
sobramos os dois, que felicidade
olha para mim, volta para mim
somos nós dois, como éramos mais tarde
fica
fica
assim e olha
ele se afastando,
olha
nós dois aqui, me dê sua mão
me dê sua mão
é fria
eu não ligo
e sua e isso eu preciso
eu não ligo
eu preciso é sua isso
é frio
amor,
é possível morrer falando?
amor,
cada qual do seu jeito
é possível morrer em sono?
amor,
esse frio frisa o que em meu corpo?
esse frio diz o que sobre o seu rosto
assim tão parvo, desculpe, amor
mas tão esquisito,
tão assumidamente torto,
amor?
amar talvez tenha se tornado um suplício
veja, ele desistiu
veja ele se afastou
como chora, meu amor
como o nosso amor magoa o mundo
como as coisas todas hoje choram
e enublecem
choram e escurecem
essa neblina é nossa ou é do mundo?
porque escurece?
eu não quero dormir,
amor, eu estou falando
fica comigo já não é tão frio
porque essa linha negra vem
fechando sobre mim?
amor!
porque tanto eu grito e você
sequer responde diz para mim
porque é que eu grito
e sinto dentro um auto-falante
sinto dentro um eco constante
que me faz pensar
amor, eu morri?
amor, o que é que há?
afasta daqui essa margem sombria que escurece o meu corpo
afasta de mim!
me deixe só!
me deixe!
me deixe!
me deixe!
alguém me ouve?
alguém me ouve?
poeta, reverte o jogo eu te peço poeta reverta o jogo eu quero o sol eu quero nascer de novo reverta não me deixe doendo preso quieto ficando louco poeta, eu te clamo, por favor, poeta, reverta o jogo.
e no meu íntimo, eu posso ouví-lo dizer, estás revertido, desde sempre, desde os princípios.
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quarta-feira, 20 de maio de 2009
toxina
E LANÇA A TOXINA OFENSIVA NO MEIO DO SALÃO
transtorna o olhar e vire para baixo e tente também não vomitar
E NA PRAÇA TODAS AS FORMIGAS LANCHAM SUA PUTREFAÇÃO
vai seguindo então tenaz o desmaio incapaz acredite no ar por isso inspire devagar
E O SOM DO ENJÔO É DENTRO NÃO AMENO É DENTRO QUERENDO TE RACHAR
(risada profunda seguida de desespero pleno)
por favor vá devagar não acelere os dedos fique onde está não cresce essa dor ela precisa passar
E PASSOU
TUDO PASSADO
VOCÊ SE OLHA NO ESPELHO
E JÁ NÃO HÁ NINGUÉM AO SEU LADO
TUDO É MESMO AGORA CONCRETO É PASSADO
você caminha de volta à sala
você desliza no próprio suor encharcado
você pisa agora mais do que antes com cuidado
agora tudo o que não precisa é ver-se no chão
é ver-se feito narcísio
quebrado,
o presente é mais presente posto nele se acumule também seu futuro também seu passado
sem ele
você é lapso
sem ele
tu és percalço.
foi tiro ou gol?
.
autofagia
o corpo que acordou agora vai direto à cozinha. por egoísmo, primeiro ele se alucina. e vê sol ao virar para dentro o resto de vinho que o nivela e permite o dia. o corpo primeiro se alucina e o sol agora resta ameno, não pode ser tão assim terreno, não o pode mais ferir pois tem ele - o corpo - a pela nostalgiada. sabe? se se pergunta certas coisas não importa responder. a lucidez está no perceber claro de que perguntas. às perguntas outras respostas deverão se erguer, mas não. não importa. o corpo egoísta qualquer resposta.
ele digere no próprio espaço da cama qualquer impossibilidade. e tudo amanhece pleno, tudo amanhece vontade terrena. do gênero daquela geléia escorrendo plena pela boca pêlos e corpo. morde em mim esse morango turvo esse parvo gosto tão assim elementar. eu preciso isto. o corpo egoísta e cria em si mesmo toda e qualquer armadilha. quer em si os outros derrubar, por isso amanhece despido querendo se possível voar.
e se pergunta, queres voar? dá-se então a um destino que sou incapaz de ditar. o corpo quando se pergunta o inevitável é porque por ele mesmo já foi tragado e só nos resta esperar. ver retornar que cacos poderão sobrar desse embate feroz entre o desejo e a saciedade. o corpo está gritando. só mesmo outro corpo que o possa calar. somente outro que venha e prove o teu silêncio.
...
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segunda-feira, 18 de maio de 2009
quebra / so so
o que em mim ainda não tem função
deixa eu cantar
a grosso modo
cantar com os dribles
feito na voz
pelo coração
deixa eu estar
apenas assim existir
deixa eu assim
apenas estar ante a ti
assim,
deixa que eu quebre o momento
rindo em ti
ou em mim te fazendo chorar
deixa que eu invento um transtorno
eu invento uma luz que possa te
e me iluminar
deixa?
as coisas assim desse jeito precisam de nova acomodação.
deixa então que eu vou na frente
e faço da zona a nossa casa
deixa que parta eu o pão
assim
isso
assim
quebre em mim a sua onda
expõe sobre meu corpo sua falência
deixa que eu te receba
deixa que eu te recebo
deixa
eu sou isso mesmo
o porto
onde você ontem aportou
o porto
donde agora você se vai...
mas, deixa
que eu quebro essa tristeza
(é invenção)
que eu quebro essa rima estúpida
(é falta de ocupação)
deixa que eu quebro a louça da casa
e me cortando em meio aos cacos
talvez assim
venha a me reconhecer
[pela quebra]
vendo-me assim aos pedaços
tal qual fosse eu
ser inteiro sem você
tal qual fosse eu
rima pronta
sem sofrer
tal qual fosse eu
alguma coisa além do que sou
alguma coisa além do que sou
alguma coisa
que além do sou sou...
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domingo, 17 de maio de 2009
Entre-Lugar
Existe um momento do entre
Que se dá na passagem da vida
Ao sono.
Segundos em que eu resvalo pleno
Sendo em mim mesmo o impossível
E o abandono,
A utopia do real
e o real transtorno.
Existe um momento em que vivo
Pleno
Entre as pendências da existência
E o ser vítima de um sonho
- nunca qualquer -.
Momento em que eu não me sou por completo
Em que eu sou eu
Mas ainda tenho outro contorno
Incapaz de definir minha dimensão
Onde nele os prantos são mais choro
Onde gritos recriam-se em canção.
Momento em que o futuro deste transtorno
Presente
É quase sempre mais impaciente que o corpo
Onde o futuro é sempre pouco
Ou insuficientemente
Louco,
Nisso eu ali resvalando
Na cama preso
Sobre a cama dançando
De um lado a outro
Indo e voltando
Sem entender que é em mim o transtorno
Sem entender que sou eu mesmo
O meu consolo.
Existe este momento
Em que se é pleno em meio à convulsão
Em que se procria ainda mais indecisão
E a vida amanhece amena
Porque no sonho aumenta-se tudo
Aumentam-se as incongruências,
E a vida amanhece amena.
Nenhuma dor é tão duradoura
Porque no sonho o tempo dilata
E as arestas do espaço te cortam
E os ponteiros das horas extravasam
Em você
A incompreensão do avançar.
A vida amanhece amena
Porque foi em sonho o seu remanejar
Os medos do dia-a-dia
As quinas perdidas nos móveis
A espessura dos gracejos
Tudo no sonho amanhece
Depois
Mais ingênuo,
Por isso vive-se tanto,
Pois é capaz de sonhar.
Existem esses momentos
Dos quais fazemos esforço
Para acordar,
Momentos dos quais
Desejamos
Mas tememos nos libertar.
Por completo,
Indiscreto
Deito novamente a face magoada sobre o colchão.
No íntimo reverbero uma alucinação
- sempre qualquer -.
É a vida
Desenhando em si mesma
Um sonho possível que a amorteça,
Desenhando em si mesma
A necessidade de um ou outro
monstro
Que a aborreça e faça ser
Isso que é,
Assim do jeito que é.
.
m.ã.o
adentre
o universo de sua constelação silenciosa
deixe que certeira a mão minha
adentre
o silenciosa de sua constelação universo
que deixe a minha certeira mão
adentre
sua constelação silenciosa de o universo
deixe
que a minha
certeira mão
adentre
sua
constelação
universo silenciosa
de oh.....................s
.
estou a vir
nas pequenas partes
vindo também no ar
eu vindo sou meu estar
e estar a vir é meu habitar
do mundo
do que é agudo
do precipício
nele eu estou vindo
e estar a vir
é sempre algo contínuo
ininterrupto
eterno
eu estou a vir
estou a vir
a vir a rir a ir
e nisso
confirmo
e nisso
eu dissipo
o meu existir
o meu
estar
a v-
ir....
.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
ais
é quando as rimas secam
que a gente olha para a sem graçidão da vida
é quando estrofes emperram
que a gente deseja no íntimo secreto
acontece alguma coisa
acontece
aí
você escova os dentes
coloca mais um cobertor sobre a cama
e nela afunda
profundo
querendo se possível
dormir
as rimas na cabeça tentando existência
o corpo no tremor pede sono
mas não há destino possível
que não seja este
do meio do
caminho
ai,
como me surpreendo com as mesmas coisas
os passos devagar no chão de ontem
a tentativa de ser você
no corpo inteiro
o ruído que perfura meu silêncio
de mentira
eu estava esperando
entre nós não pode haver campainha
entre nós pode somente existir
desejo
direto
ais,
concreto
com tempo limitado
métrica determinada pelo atrito
da poesia que os corpos
- cada dia mais absurdos -
são capazes de tecer
pernas, para quê te quero?
te quero para ser meu cobertor
te quero para ser o peso que afaga minha dor
te quero para ser em mim o que você abomina
para brincar feito criança toda noite fosse macunaíma
ai,
aí a gente percebe
que quando a vida engasga
o poema remexe
e pede existência
no meio dessa madrugada.
.
consinta o toque
hoje ainda maior
de recusas
deixe-te surprender
agir na sua salvação
que vês destruição
eu sei que vês.
deixe ele assim te transpassar
sem nada exceto o encontro
sem nada
exceto
o encontro
de uma pele noutra
deixe o limite entre elas nascer
deixe o limite ser tentado
tentado a desaparecer
e virar céu
concreto
céu
desperto
para um possível outro amanhecer
que possamos nós dois tentar fazer
compreender.
não fale.
não chore.
apenas core a face
eu vou entender
eu lido com semblantes
eu posso dosar
a intensidade do sangue em você
e a intensidade da seta em mim
aumentando
eu posso lidar com o silêncio,
não chore
consinta apenas o toque
consinta apenas o toque
consinta apenas o toque
infinito
até desaparecer
pleno
até dominar sobre ti
a revolta dos dias
a revolta dos dias
a revolta das idas
da sida
da sida
da síndrome
da imuno
deficiência
adquirida.
consinta.
.
v o l t e i o
um ato invonluntário
eu sou fruto de minhas escolhas
mas porque não ser tudo isso
ao contrário?
quem inventou o peso de uma
ou outra
responsabilidade?
com que balança mediram
o que hoje se tornou
em mim
inevitável?
penso. peso.
não estaria mesmo errado?
alguém na multidão enlouquecida
gritou! aos saltos
está errado! tudo errado!
foi um vislumbre, eu vi
um trecho de homem protestando
um trecho de homem revoltado
ali, no meio da multidão
no volteio de uma mão
- qualquer -
o homem foi morto
silenciado.
eu volto hoje, então
ao chão sob o qual ele aglutina
eu sinto não sei dizer eu sinto
há mais do mundo nele do que ele imagina
eu volto, hoje, ao pensar
eu volto não sem pesar
que incongruêcia é essa
a demarcar
os homens
seus medos
seus medos não terminam
morrem uns ou outros
para de novo fazerem germinar
um horror pleno no amanhã
no amanhã sempre um novo horror
será
possível será presente.
por isso grite
grite você homem qualquer
grite nessa multidão
inconsequente
grite o canto
cante a dentes
gRItE!
pois no próprio meio
da multidão que o incontiver
serás assassinado
serás visto aos pedaços
serás a possibilidade concreta
daquilo que hoje
já não mais se é
já não mais se saber ser
ciente.
ser ciente..
.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
fato pedra
o sol nela deitando
sobreerguendo
os pêlos,
deixe, primeiro
a perna amanhecer tranquila
meio de lado
meio imprecisa
deixe o corpo ir dizendo
isso que em você
ainda é
silêncio
deixe o corpo ir nascendo de lado
meio impreciso
meio revoltado
corpo amanhece todo moído
corpo é memória
memória boa é vaso
é arca cheia
de indecisões
deixe, primeiro
o sol na pele
e o vento nos cabelos
deixe-os, soltos passageiros
sem a pretensão de vitória
seus cabelos são salto
são vôo
o corpo é em ti
sua própria hóstia
deixe,
primeiro
o amanhecer com plena incongruência
e veja, ao ver o sol cruzando os pêlos
das quatro pernas
um matagal germinar ligeiro
em primeiro,
sempre em primeiro
.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Controle de Glicemia
Horário | Seg. 06/04 | Ter. 07/04 | Qua. 08/04 | Qui. 09/04 | Sex. 10/04 | Sáb. 11/04 | Dom. 12/04 |
| 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR |
Café | 208 2u. HUMALOG | 245 3u. HUMALOG | 240 3u. HUMALOG | 271 3u. HUMALOG | 200 1u. HUMALOG | 172 1u. HUMALOG | 260 3u. HUMALOG |
Almoço | 160 | 85 | 176 1u. HUMALOG | 262 3u. HUMALOG | 346 5u. HUMALOG | 226 2u. HUMALOG | 229 2u. HUMALOG |
Janta | 59 | 53 | 169 1u. HUMALOG | 265 3u. HUMALOG | 162 1u. HUMALOG | 141 | 70 |
Horário | Seg. 13/04 | Ter. 14/04 | Qua. 15/04 | Qui. 16/04 | Sex. 17/04 | Sáb. 18/04 | Dom. 19/04 |
| 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR |
Café | 262 3u. HUMALOG | 248 3u. HUMALOG | 295 4u. HUMALOG | 172 1u. HUMALOG | 273 3u. HUMALOG | 280 3u. HUMALOG | 33 |
Almoço | 347 5u. HUMALOG | 68 | 277 3u. HUMALOG | 41 | 205 2u. HUMALOG | 199 1u. HUMALOG | 282 4u. HUMALOG |
Janta | 156 | 260 3u. HUMALOG | 188 1u. HUMALOG | 187 1u. HUMALOG | 33 | 96 | 121 |
Horário | Seg. 20/04 | Ter. 21/04 | Qua. 22/04 | Qui. 23/04 | Sex. 24/04 | Sáb. 25/04 | Dom. 26/04 |
| 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR |
Café | 70 | 79 | 174 1u. HUMALOG | 168 1u. HUMALOG | 204 2u. HUMALOG | 287 5u. HUMALOG | 217 3u. HUMALOG |
Almoço | 263 3u. HUMALOG | 304 4u. HUMALOG | 64 | 122 | 168 1u. HUMALOG | 53 | 119 |
Janta | 208 2u. HUMALOG | 160 | 227 2u. HUMALOG | 68 | 136 | 303 6u. HUMALOG | 39 |
| | | | | | 10u. LEVEMIR | 10u. LEVEMIR |
Horário | Seg. 27/04 | Ter. 28/04 | Qua. 29/04 | Qui. 30/04 | Sex.01/05 | Sáb.02/05 | Dom.03/05 |
| 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR | 52u. LEVEMIR |
Café | 61 | 118 | 203 3u. HUMALOG | 221 3u. HUMALOG | 59 | 170 2u. HUMALOG | 189 2u. HUMALOG |
Almoço | 298 6u. HUMALOG | 198 2u. HUMALOG | 165 1u. HUMALOG | 224 3u. HUMALOG | 52 | 152 1u. HUMALOG | 203 3u. HUMALOG |
Janta | 46 | 10u. LEVEMIR | 111 | 160 1u. HUMALOG | X | 291 6u. HUMALOG | 217 3u. HUMALOG |
| 10u. LEVEMIR | 223 3u. HUMALOG | 10u. LEVEMIR | 10u. LEVEMIR | 10u. LEVEMIR | 10u. LEVEMIR | 10u. LEVEMIR |