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sábado, 30 de outubro de 2010
Ares
não se trata desse objetivo
me perdoem
mas comigo não é assim
o meu prazer reside aqui
basta ser
aqui
neste lugar
não vem com essa de trauma
de recalque não vem com essa
está bom assim
está leve
duro e parceiro
do esquecimento
está limpo
seguro em cada risco
preciso em cada desalinho
sim, eu sou isso
e te digo mais:
me faz bem
venho aqui
e me digo ao ver eles correndo soltos
sem medo de se perder
filhos, podem seguir
eu espero vocês
numa curva dentro de um ônibus
num barulho que não veio
numa queda mais lenta
que o desejo
filhos, vocês me voltam
sorrateiros
por isso,
partam
que o nosso esquema
se alimenta
ao menos de saudade.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Me Doo
cravo
um corte que fica e persiste e se crava
eterno
sobre esta pele
é um pêlo
um dedo
uma unha feita história
deste presente
hoje assim no corpo referido
não tão mais passageiro
eu falo do corpo já ido
do corpo passageiro
dentro do qual me vou caindo
e nele assim indo
incontido
tropeçando no seu risco
no seu trepidar sobre a beleza
imatura
incapaz
impura
manchas, disso que falo
manchas de mãos de beijos de amassos
manchas do sexo hoje inda não todo lavado
do queijo
dos gostos do vinho
das uvas
contatos
eu hoje olho meu corpo
e não sei mais carícias
falo pelo soco
que me arruína
falo pelo tiro
que repete a rima
e não me deixa cindir
não me deixa cindir à completude
sou pedaço mesmo
sou parte sem dúvida eu sou
isso
corpo ido no tempo
em que o outro
corpo
quis ser corpo estado
quis ser corpo raíz
eternizado
eu não
eu já fui
eu continuo indo
eu estou perdido
gastando a pele
para sentir o sentido
da vida
sim
e ir enfim
morrendo com qualidade
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
POAZIA
Foi porque deixei tudo como está.
Foi porque não quis conservar o que já tinha.
Foi porque amanheci com fome.
Foi porque gozei em excesso.
Foi porque dormi demais.
Foi porque cruzei a linha.
Foi porque senti faltar ar.
Foi porque encenei um suicídio.
Foi porque amanheci despido ao seu lado.
Foi porque não bastou.
Foi porque a coluna dói.
Foi porque um grito.
Foi porque me dissipo.
Foi porque desautorizo.
Foi porque tudo é isso.
Foi porque quis sumiço.
Foi porque não sei.
Foi porque queria não saber.
Foi porque Falo.
Foi porque eu li.
Foi porque um filho que nunca tive.
Foi porque tem que ser.
Foi porque não.
Foi porque estava aberta a passagem.
Foi porque me atrasei.
Foi porque joguei a toalha.
Foi porque a caneta secou.
Foi porque o papel em branco se molhou e virou rocha.
Foi porque eu te conheci antes de me conhecer.
Foi porque um porquê.
Foi só porque foi,
e por tudo isso e muito mais ou menos,
continuo eu indo e ela sendo
presos juntos nesse interminável ato de buscá-la,
ela ah!
ela oh!
ela eu,
PQP
tentado sobre os segundos
perseguindo a escuta
perfurando o íntimo
e decifrando
EL ENIGMA
ele poderia se abster
do mundo sim de você
poderia ficar tecido
nessa ida
nessa busca
no incessar
poderia ele ficar preciso
na poça que o reflete
nisso, repito, nisso
de se ABISMAR
poderia ser só aquilo
ser seu silêncio se te visse
ser seu bater se te sentisse
ser parte essência
do risco
o corte do dente
o brilho da fuga
um rastro de vento
ele poderia ser
sua AURA
não tivesse ele mesmo
por ti sido reproduzido
em seus outros
volteios
e flertes
ao redor do globo
por que piscas tanto?
dead is it
no desastre
na destruição do rosto
do corpo e peito,
enfim
hoje o tempo que sou
é só por conta do mal
feito a mim.
sobrevivo não resistindo
mas como quem soma
à morte a própria face
e a revela em sussurro
nasci para te amar
como vai ser?
eu por cima ou você por baixo?
domingo, 24 de outubro de 2010
Suicide is painless
ESC
ELOCUBRATIONS,
Eu desaprendi a ser surpresa.
inflamável canta
por tiro abre-peito
por toda e qualquer sedução
que vede o interior e impeça
a torrente.
a sua dor de existir
o risco
a tosse
o cisco
o medo de te contrair cá para dentro
E nunca mais de ti se livrar
E não para de se empolar
todos aqueles seres que queiram
ou não
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
can you meet me anyway?
estou trêmulo
sobre a mesa a caneta
sobre o chão os meus pés
dentro de mim
o que há?
estou tranquilo
adiante a janela
ao redor os objetos
fora de mim
onde está?
isso que não encontro
e que é capaz de fixar
isso que não encontro
e que é capaz de fazer
ir, mas, sobretudo
fazer voltar.
não estou dizendo muito
não é essa minha intenção
estou dizendo este tempo
exato
no qual hoje agora sou todo confusão
mas não
tempo no qual também sou belo
pois tenho hoje
- mais do que nunca -
me permitido a comunhão
me permitido perder esse mesmo tempo
em encontros
em encontros
em sentar
ao seu lado, amigo
ao seu lado, minha amiga
e deixar o tempo sem pressa vir nos abraçar
isso me faz ser perdido
isso me faz ser sentido
corpo pleno
palco propício para o que há.
estou trêmulo, eu sinto
é o auge da falta
do toque
do papo
do teatro
do conversar.
como isso vale, hein?
eu não fazia ideia.
devo ir.
olhooteu
Pois se agora ele fecha os olhos
Não é por medo de ver o que está a sua frente
Não é por vontade de dormir e não mais acordar
Se agora ele fecha os olhos
É para que a noção de beijo
possa durar inda mais,
Sim, eu sei
Porque se agora ele permanece despido
É para sustentar o tempo em que estiveram reunidos
Não quer dizer sedução
Não quer dizer pré-banho
Quer dizer apenas que ele está descobrindo
porque amar e ser abandono é algo assim tão semelhante.
Eu sei, todos sabem, mas ele ainda não
Ele ainda persiste lerdo nos segundos
recebe tudo feito revelação
E se piscas quer entender o motivo
E se pesa o semblante quer descobrir o culpado
Ele hoje se fecha os olhos inda agora quando esctreve
é para não ver nas letras a solução final
é para não transformar seu lindo destino
em somente peosia.
Ele precisa abrir os olhosm
mas só o fará, quand oesvirver ocê
aqui
na nossa frente.
domingo, 17 de outubro de 2010
Reunião na sala de estar
- Filhos, prestem a devida atenção. Hoje eu queria não ensinar nada a vocês. Eu queria apenas que a partir da minha fala vocês pudussem se olhar, com a devida calma e curiosidade. É que tenho percebido entre vocês uma impossibilidade na fala. Uma vergonha que consome a vossa energia. Eu sei. Vocês saíram daqui, estão vendo? (As crianças desviam o olhar do pai, envergonhadas). Estão vendo? Não, não estão vendo nada além dos próprios olhos. Tudo que o mundo lança a vocês, vocês de súbito se privam de ver. Era sobre isso que eu queria lhes falar hoje. Vocês precisam se atirar, precisam ser precisos no tiro, ainda que venham a errar bastante nesse início.
- Vejam bem, vosso pai vos fala: a sua fala está empolada. Está imprecisa. Não atinge ninguém nem chega à nada. Eu sei que é duro ouvir sobre a própria ineficiência, mas tentem visualizar nisso uma potencial mudança. Uma chance de amadurecer. Eu permito que falem quando tiverem vontade, que cuspam o que quiserem cuspir, mas peço ao menos que cuspam na cara, que gritem todas as letras e pontos. É pedir muito?
(Um dos filhos esparrama-se inteiro pelo chão).
- O que é isso, menino? Não adianta dar show que a mim você não engana.
- Eu estava tentando ser concreto.
- E se jogar assim no chão é ser concreto?!
- É melhor do que ser hiperbólico como o senhor, vocês não acham?
(Todas as outras crianças consentem timidamente e, uma a uma, esticam-se sobre o chão da sala).
(O pai, inerte, pensa: Terei que pisar em meus próprios filhos para sair do lugar. Pois que assim seja).
- Preparem-se, crianças. O recreio acabou.
Romance Perder
Rick - Você dormiu bem?
Elena - Apaguei. Completamente.
Rick - Eu vou fazer um café.
Elena - Eu acordei mais cedo, tomei banho, já comi qualquer coisa.
Rick - Que coisa?
Elena - Alguma coisa.
Rick - Alguma coisa o quê?
Elena - Não importa. Já foi digerido.
Sentam-se junto à mesa.
Rick - Você me disse que não ia mais fazer isso.
Elena - Isso o quê?
Rick - Facilita.
Elena - O quê?
Rick - Você sabe.
Elena - Eu sei.
Rick - E por que fez de novo?
Elena - Talvez porque não soubesse que iria fazer.
Rick - Quer dizer que fugiu ao seu controle?
Elena - Eu não tenho controle.
Rick - A desculpa é ter fugido do seu controle?
Elena - A desculpa é ter fugido de você.
Rick - Como é?!
Elena - É só você… Quem me pode controlar.
Rick - Ah… Certo… Deus…
Levantam-se, ele primeiro ela em seguida. Contemplam a janela do dia recém-nascido.
Elena - Está um dia bonito.
Rick - Feliz aniversário.
Elena - Foi ontem.
Rick - Não tem problema.
Elena - Obrigada.
Rick - Não tem que agradecer.
Elena - Você sempre diz isso.
Rick - É porque não tem que agradecer.
Elena - Eu gosto.
Rick - Você sempre diz isso.
Elena - E às vezes nem gosto tanto assim.
Rick - Assim como?
Elena - Como agora.
Rick - Certo. Eu devo ir. Você vai ficar bem?
Elena - Eu vou ficar.
Rick - Bem… Certo, então. Eu ligo mais tarde.
Elena - Certo.
Rick - Você vai atender?
Elena - Se eu ouvir tocar, eu atendo.
Rick - Então ouça, por favor.
Elena - Vou me esforçar.
Ele sai pela porta da cozinha. Ouve-se ao longe outra porta ser batida.
Elena - Qual é a razão disso? Tenho a sensação de ser uma criatura criada para motivo qualquer. Tenho a sensação de ser experimento, diversão, para um deus divino qualquer que manipula minha cabeça e me faz dizer aquilo que não diria caso fosse eu alguém normal. É estranho. Essa sensação de pertencer a outro e não a si próprio. Agora ele se foi e sabe-se lá quando vai voltar. Sabe-se lá se irá ligar como disse. Sabe-se lá se da próxima vez - e se próxima vez for existir - sabe-se lá se será o mesmo ou simplesmente semelhante a este que acabou de sair. Que estranho tudo isso. É muito estranho. Não temos propósito exceto um prazer momentâneo. Um prazer ralo que se vai no trotar das linhas. O que eu estou dizendo? Isso não é meu. Isso eu nem sei o que é. Que estranho. Cada vez mais eu acho que me perdi nos outros que não sou mas quem gostaria de ser. Me perdi nos romances que li, nas poesias que inventei sem escrever. Me perdi por ser metáfora. Perdi partes inúmeras em metonímias, deixei jorrar sangue via hipérboles e agora resto só, ante a essa janela que ninguém vê, exceto eu e meu esforço e minha crença e minha fé e minha paciência: para criar tudo aquilo que me faz falta.
Hoje faz um dia bonito. Mesmo. Feliz aniversário, para tudo aquilo que nasce agora e não precisa de pernas para andar. Feliz aniversário aos sentimentos, aniversário ao momento, à realização plena dos segundos, aos tormentos passageiros e aos amores autoinflamáveis. Aniversário ao silêncio por entre as coisas e ao… Achei que fosse. Achei mesmo. Gostaria que fosse. Gostaria mesmo que o telefone tocasse. Eu não sei meu número. Mas gostaria mesmo assim que a tarde me invadisse e me tirasse de mim. Eu estou ouvindo, pode tocar. Eu estou te ouvindo, pode bater na porta. Eu vou me abrir.
Peso
Penso
sobre as partes em separado
sobre o arranjo assim costurado
pela força
pelo jeito
pelo qual você se aglutina a mim
a fim de fazer recreio.
Penso
(é tudo passageiro)
como se acomodam os sonhos
como se amenizam os medos
quando
tenho você sobre mim
(sempre passageiro)
você sobre mim
esmagando minhas vagas
soterrando desesperos.
Penso.
Eu peço
Teu peso.
E fico nisso inerte
aguardando ser terreno
aguardando seus volteios
para recompor sobre mim
a sua forma de ser presente
(ainda que também assim
passageiro).
Penso, peso, fico, vago
Fora isso não sou nada
Sou ser todo comprimido
Espero impaciente o destino
das gramas
dos quilos
o selo encontro dos mamilos,
Eu peso, logo, existo.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
a minha criança
ainda está aqui, certo?
ela ainda sou eu
ela hoje usa barba
minha criança hoje faz
como se não soubesse
ligar coisa à palavra.
ainda não sabe dos riscos
ela ainda não sabe das horas certas:
nem para o café
nem para o almoço
nem para os remédios
muito menos para o sono.
mas sonha, viste? ela sonha
e tem pesadelo
tem medo e receios
mas sempre vai
sempre se lança
o que pode haver ali adiante que não surpresa?
ela ama a insegurança.
e se paro agora e olho aqui dentro
não encontro nada guardado
a minha infância está toda aqui fora
se perdendo junto ao tempo
se dosando para que ao fim de tudo isso
ainda me reste um respiro
um pedaço de moletom
um tempo específico
um desejo secreto nos olhos
um cândido dromedário.
a minha criança está aqui comigo
e não fosse eu ela
eu não seria ainda
algo capaz de valer toda esta pena.
pavor delicado
ontem a essa hora eu tinha tanto a dizer
me contentei em chorar quieto
guardando mais em mim isso que ainda agora quer partir
mas não sabe andar.
um pavor delicado
uma quentura branda e capaz de cegar
é o que dentro revolve em ondas
que não sei domar
que não sei silenciar
porque se dentro gritam assim
por que deveria eu mesmo as calar?
não,
é solene. é tristeza que pergunta ao mundo
ei, cara, para onde estamos indo?
é solene, eu repito
é um não-saber que se conserta num vinho
com amigos
num queijo pela manhã sendo mordido
num sono profundo que me apaga um segundo
este mundo
preciso,
não deixo jorrar todo o abismo
dentro de mim ainda algo pulsa
querendo jogar-me do alto
querendo me fazer ser menino
aleatório
capaz de flertar com o mundo
sem cerimônia de perda
ou medo de retaliação.
eu volto
passada a última noite
e ainda estou aqui
os olhos já secos
administrando a rouquidão
do peito
sobre este mundo
apavorado.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Tombares
Como nunca antes
Tudo agora está mesmo
Nebuloso,É difícil ver com clareza
O caminho não se revela
Resta o ser agonizando
Tentando ser um só.O caminho como nunca tortuoso
No caminho como nunca saltam corpos
Não para o se perder
Saltam corpos no caminho
Como fossem corpos balas
Como corpos pudessem ser
Ao mesmo
Quem atira e quem mata.Não é tão simples assim
O dizer.Nas palavras morrem sentidos
Com os quais só mesmo
O silêncio é capaz.Seguir tentando
Oscilando o corpo entre um
E outro
Tombo.Medo.
Do que no tempo é capaz de morrer.Não sendo ele quem mata
Mas sendo tempo o espaço
Do matadouroTempo-espaço propício para o choro,
Eu não quero mais.Medo.
Neste segundo e num outro,
Passageiro.
Origem
Dou-me o tempo de uma música
Apenas
Para vir tentar dizer
Alguma coisa que valha
Isso que nem por inteiro é possível
Compreender.
Eu fiquei me perguntando
Quando caímos na cilada do amor?
Porque depois, eu devo dizer
Tudo a isso converge
E é impossível pensar na vida
Sem amor dizer
Sem amor fazer
Ou pelo menos
Sem ele sofrer.
É só o tempo de uma música
Depois eu abandono a tentativa
Eu abandono a mim mesmo
E deixo que a estrada me diga
Quais caminhos escolher
Quais olhos deverei ver
Se quiser em mim deter
Outros peitos
Outros amores,
Amores sempre hei de deter.
É um risco que eu estou tomando
Tirando
Arrancando
Para todos os lados que eu olho
Eu me surpreendo com o tal do amor
Porque ele é tudo
Ele é tudo
Você me entende?
Tudo.
Entende?
Tudo.
Entende?
Você
Entende o que eu quero dizer?
Para qualquer lugar que eu olho
Eu simplesmente estou pensando
Em você
Sobre ti
Tudo em mim se derruba
Tudo sobre ti se acumula
Sem você saber
Sem você imaginar o tamanho desse peso
Que virou meu amor
O tamanho desse peito que cruza por você
E você
Descrente
Sequer pode compreender
Que peito inchado desse jeito
só pode ser mesmo por você.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
per-for-man-se
se fazia frio? sim, ao menos dentro das minhas mãos
ao menos dentro delas sim fazia frio
fazia muito frio
se eu sei o que foi? não, não saberia
nem soube antes nem na hora nem no instante
fui desfilando o não-saber como música tema
da minha atual agonia
mas boa, sabe?
agonia que desvenda
que eletriza
agonia que te serve primeiro para firmar
que há vida
corrediça, sim, corrediça
mas há vida
compaixão entre as partes
refazendo sempre mais e mais rimas
deixe
deixe que olhem
deixem olhar o susto
eu exponho meu corpo
neste e noutro segundo eu exponho
pois da exposição ganho mais de mim
consumo meus medos
relativizo meus freios
e fico incrível
justamente por não sê-lo
justamente por ser cru
estar nu
ser a febre
o asco
a acne
sem beijo
tudo isso
assim
também
eu sou
posto passageiro
sábado, 2 de outubro de 2010
essa gravação é impossível
queria ser tão concreto
mas não consigo
o som lá fora me perfura
e eu não posso me deixar
assim
desesperado a procura de algum história.
não se assuste
está tudo bem, a vida é boa
não consigo
creditar
escrever
não consigo ser isso
que estou sendo
isso assim aqui disposto frente a vocês.
dentro de mim o sangue corre e dele evapora
toda gota de energia
todo desejo de loucura
não, não é o meu novo projeto
(censuro-me)
é assim como a vida em mim se deu
aqui a disposição obedece ao início da roda
sim, muito cedo
acordo às 05h30
e estou só, querendo dormir
abraçado ao meu próprio meio
e escrevo eu tô só
mas isso é automatismo
isso é poesia viciada
que volta todo dia
ao menos uma vez
vem ela toda usada, batida da rua
atirada
vem o verso maldito do ser só
da solidão inevitável
e creu
agarra-se a sua obra
as suas linhas
como eu em busca de um sinônimo para o sinônimo
gaga
daqui a vinte anos, lady gaga estará gaga
_under drugs
se ele está em cena, a cena acontece
ele é foda de presença
ele faz um número
vestido de
travestido, né?
só que esqueci o nome
enfim
a diva
fazendo uma dublagem
o número que ele faz
ele respira junto com a música
what i was saying?
ah, yes
when you’re felling alone
those angel voices
tira isso
tira
gente
ele fica inventando tudo assim na hora
olha o que ele escuta
a lady gaga tem um lado cardinal
marginal
dá um blue
um blues!
o cê é o que emplaca
com certeza, antes disso foi jóia
aquele que tem talvez moreno
ele vai falando do filho
meio
parece a construção
muito construtivista
essa coisa de mexer com as palavras
ele acha que uma talvez júlia pode ser uma não sei porque
um peido